Louvre expõe obras de artista holandês sobre o Brasil

Por Gazeta Admininstrator

O Museu do Louvre, em Paris, realiza atualmente uma exposição sobre um tema brasileiro, a primeira em sua história.
A mostra Frans Post - O Brasil na Corte de Luís XIV reúne pela primeira vez em mais de 300 anos os quadros pintados pelo artista holandês no Brasil, no século 17, e doados por Maurício de Nassau ao rei francês em 1679.

Post foi o primeiro artista europeu a pintar paisagens brasileiras. Ele viveu sete anos no Brasil, entre 1637 e 1644, acompanhando a missão de Maurício de Nassau na província de Pernambuco, na época sob domínio holandês.

Veja algumas das obras expostas

O artista pintou 18 quadros no Brasil, mas apenas sete deles, reunidos atualmente no Louvre, foram encontrados até hoje. Quatro pertencem ao museu francês. Os outros três pertencem a coleções privadas do Brasil e da Venezuela e ao museu Mauristhuis, em Haia, na Holanda.

Variedade

Post chegou ao Brasil com apenas 25 anos e pintou não só a fauna e a flora, mas ilustrou em seus quadros as etnias do Brasil no século 17.

A exatidão topográfica das paisagens de Pernambuco pintadas por Frans Post também surpreende os especialistas.

Após seu retorno à Holanda, em 1944, Post continuou pintando paisagens brasileiras durante toda a sua vida. Ele morreu em 1680.

Post pintou no total cerca de 150 quadros. Mas existem diferenças entre as obras pintadas no Brasil e as que Post realizou já de volta à Europa.

Segundo especialistas, a principal diferença entre as telas é a luz: os quadros pintados no Brasil têm uma luz extremamente branca, que quase deixa o espectador cego. Já aqueles pintados na Holanda têm a luz mais suave, com um céu azulado e um cenário mais imaginário e poético.

Gravuras

A mostra do Louvre também traz 18 gravuras de Frans Post realizadas em 1645 para um livro de Caspar Barlaeus, que retrata o império colonial holandês no Brasil.

Essas gravuras permitiram identificar com precisão os quadros pintados no Brasil e oferecidos ao rei francês Luís XIV, inclusive as 11 obras desaparecidas até hoje.

Nove guaches pintados na França no século 18 pelo artista amador Thiéry, que copiou alguns quadros de Frans Post provavelmente expostos na época no Château de Chaville, também permitiram identificar a existência das 11 obras pintadas no Brasil e desaparecidas.

A descoberta, em 1990, de um dos quadros pintados no Brasil, realizado em 1638, cuja existência era conhecida em razão do guache de Thiéry, provam, segundo especialistas, que as cópias podem servir como pista para encontrar os quadros desaparecidos.

Em 1925, um outro quadro pintado no Brasil havia sido descoberto no mercado de arte.

A homenagem do Louvre ao Brasil inclui também uma instalação do artista brasileiro contemporâneo Tunga, exposta no local mais famoso do museu: a pirâmide. Pela primeira vez o local de intensa passagem se torna uma área de exposição.

A escultura pendurada sob a pirâmide é realizada em ferro e tranças de tecido, com elementos figurativos como crânios, esqueletos e cabeças de estátuas célebres do museu.

Nessa obra, Tunga propõe uma releitura crítica da relação entre os colonizadores e o Novo Mundo.

A exposição permanece no Louvre até 2 de janeiro de 2006.