Lula pavimenta a via do radicalismo

Por Gazeta Admininstrator

Lula não é Chávez. Mesmo exibindo incômodas semelhanças com o folclórico presidente venezuelano, o presidente brasileiro ainda guarda em si alguns resquícios menos espalhafatosos, os quais transformaram o líder do país vizinho em versão atual, nem por isso melhorada, do estilo Fidel Castro.

Por favor, os esquerdóides de plantão não precisam começar a atirar pedras só por causa do primeiro parágrafo. Se eu tivesse de fazer uma declaração pública de meus credos políticos, certamente surpreenderia alguns de vocês – esquerdófilos viúvos da rússia soviética – com minhas convicções solidamente social-democratas.
O que me espanta é que Lula, que trafegou da militância sindical mais brava e rude ao convívio com as elites políticas do Brasil e agora do mundo, tenha enredado seu governo numa “sinuca de bico”, na qual tem grandes chances de se tornar o maior de todos os “bois de piranha”.

Desde o começo que Lula escolheu muito mal partes importantíssimas de seu governo. Desde o começo Lula permitiu ao PT confundir a Presidência de todos os brasileiros com a estratégia (típica das doutrinas marxistas-leninistas) de “eternização do petismo” no Planalto. Está mais do que entendido que TODOS os políticos e TODOS os partidos desejam esse tipo de “utopia”, ou seja, ser “ditador eterno” numa “Democracia”. Fica muito mais bonito no filme ser um tirano referendado por eleições lícitas, ainda que o eleitorado aja, como na atual Venezuela, embevecido pelo sonho inocente da justiça social “overnight”.

Nosso presidente, que já é parte da História das sociedades modernas por ter se tornado líder maior de uma das mais populosas nações do mundo, tendo vindo quase que do zero absoluto, pode entrar na história do Brasil mais uma vez por estar “pavimentando” com seus incessantes desastres políticos, o crescimento das vozes mais radicais dentro do PT, vozes que pregam, em pleno ano de 2005, a luta armada, a invasão das propriedades, ainda chamam a classe média de “burgueses” e ainda acreditam que é melhor uma sociedade “comunista” nivelada por baixo, como a Coréia do Norte ou Cuba, do que uma sociedade aberta “nivelada por cima” como é o objetivo e sonho de todos os seres humanos.

Os discursos incendiários estão aí. A desilusão do eleitor brasileiro, especialmente os 75% da população que estão vivendo há décadas em eterno estado de espera pelo “salvador da pátria” (já foi até tema de novela, lembram?) é um combustível altamente volátil.
Esses discursos favorecerão, não tenham a menor dúvida, a disseminação de propostas, ações e posturas que contrariam a tão sofrida base democrática que construíu-se após Tancredo.

O Brasil não merece. Mesmo que a gente seja obrigado a admitir as terríveis incongruências de nossa sociedade, o descarado anti-patriotismo de nossos políticos e irresponsabilidade da maior parte de nossos líderes empresariais, fico ao lado de Paulo Rocha (nosso sábio mentor aqui na comunidade brasileira na Flórida) quando ele lembra que somos um povo maravilhoso e especialíssimo. Apesar de estar tentando acertar nos erros contínuos de nossos políticos eleitos, o povo brasileiro não merece ser transportado de volta décadas atrás, numa atmosfera em que vigora a ignorância disciplinada da cartilha partidária, a sombria intimidação de quem está no poder sobre quem está, em qualquer nível, se opondo a ele, e absoluta falta de um projeto para o futuro de um país que todo mundo sabe (mas todo mundo mesmo) parece até ter medo de assumir a sua condição de líder mundial, pela paz , pela criatividade e pela docilidade de seu povo.