Lula rebate críticas de que obras seriam 'eleitoreiras'

Por Gazeta Admininstrator

Assim como fez no programa semanal de rádio "Café com o presidente", ao visitar as obras de duplicação da BR-101 Nordeste, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a negar que o governo esteja investindo na recuperação de estradas no início de um ano eleitoral de olho nas eleições presidenciais. Lula afirmou que chegou a pedir que não fosse montado palanque nos locais onde visitará obras nas estradas e afirmou que, fazendo ou não fazendo obras, os adversários vão fazer críticas de qualquer forma.

- Eu até pedi para não montar palanque para dizer que não é campanha, porque é assim, lamentavelmente, é assim: se você não faz, vira campanha do adversário, se você faz, diz que é campanha sua. Entre não fazer e fazer, eu prefiro ser criticado fazendo, porque pelo menos o povo sofre menos - discursou o presidente em São José de Mipibu, no Rio Grande do Norte.

O presidente disse que está tentando duplicar a BR-101 Nordeste desde o início de seu governo e reclamou das empresas que ganharam a licitação para realizar as obras. Segundo ele, o impasse entre as empresas está emperrando o início das obras, o que levou o governo a recorrer ao Batalhão de Engenharia do Exército para fazer a duplicação da estrada. O projeto, que prevê a duplicação de 336 quilômetros de pavimento entre Natal e a cidade de Palmares, em Pernambuco, não faz parte da operação tapa-buracos.

- É importante deixar claro que, se até quando o Exército estiver terminando esta obra as empresas não pararem de brigar, os outros trechos também nós vamos dar para o Exército, que é para as empresas pararem de brigar e resolverem, então, aceitar fazer as coisas, porque não é possível o que acontece no Brasil, quando você pensa que está tudo resolvido, alguém vai para a Justiça e uma obra que tem urgência, como esta, demora anos e anos - afirmou.

Na edição desta segunda-feira do programa "Café com o presidente", veiculado pela Radiobrás semanalmente, o presidente já tinha se defendido das críticas de fazer obras eleitoreiras:

- Ora, entre a briga partidária e o povo, vou ficar com o povo. Nós estamos fazendo e alguns estão dizendo que são obras eleitoreiras, mas se nós não fizéssemos continuariam sendo eleitoreiras para eles. Porque aí, todos eles já estariam fotografando, filmando, para colocar em seus programas de televisão - disse Lula no rádio.

O presidente afirmou ainda em seu programa semanal de rádio que espera chegar ao final de seu mandato com estradas em melhores condições:

- Nós vamos chegar com as estradas em melhores condições. Certamente, não vamos chegar no ideal, porque são 26 mil quilômetros de estradas que estão em situação de precariedade - disse.

O presidente disse também no programa que só agora o governo tem os recursos necessários para recuperar as estradas federais. Segundo ele, houve pouco dinheiro em 2003, R$ 2,5 bilhões em 2004 e só em 2005 foi possível investir R$ 6 bilhões.

- Portanto, somente agora é que nós temos os recursos para fazer aquilo que deveria ter sido feito há 10, 15 anos ou no meu primeiro ano de governo.

Segundo Lula, ao assumir o governo, cerca de 37 do total de 58 mil quilômetros de estradas federais estavam deterioradas. A um ano do fim de seu mandato, restam 26 mil quilômetros de estradas a serem recuperadas, dos quais cerca de 19 mil já estão licitados e contratados para a restauração. Dos 7 mil quilômetros ainda não licitados, 5 mil são de estradas que foram estadualizadas no governo anterior.

O presidente falou também da utilização dos recursos da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) - imposto cobrado sobre os combustíveis para a manutenção das estradas - e das acusações de que o governo não estaria utilizando devidamente a verba.

Segundo o presidente, a Cide arrecadou em 2005 R$ 7,7 bilhões, dos quais 29% foram repassados aos estados. A União ficou com R$ 5,4 bilhões e o governo investiu R$ 6 bilhões na área de transportes, recurso superior ao arrecadado com o imposto.