A luta pela extradição de um brasileiro para se fazer justiça - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Quando ouvimos a história sobre algum crime horrendo, como o caso retratado na manchete dessa semana, da família Szczepanik, pensamos no horror que deve ser estar próximo da situação. Felizmente, na maioria das vezes, podemos esquecer depois de alguns dias, ao ler sobre um crime no jornal. Mas a filha mais velha do casal, que largou tudo no Brasil para fazer justiça pela morte cruel de sua mãe, seu padrasto e seu irmão, de apenas sete anos, assumiu o papel contrário. Todos os dias, Tatiane Klein se lembra do que aconteceu e vive nos Estados Unidos justamente para lembrar as autoridades que isso não pode ser esquecido.

Ela conseguiu que dois dos três envolvidos no homicídio fossem presos, mas falta um, que foi deportado para o Brasil antes que fosse acusado do crime.

Sorte dele e azar o de todos os envolvidos no caso? Talvez. O Brasil não extradita seus cidadãos, e Tatiane só terá paz quando ver os três presos.

Até o momento, ela venceu todas as dificuldades, que não foram poucas, para ver o crime desvendado. Ela largou tudo no Brasil, foi viver em uma cidade na qual sua família foi assassinada brutalmente e os corpos jogados no rio Missouri; ela mal falava inglês e conseguiu expressar sua intuição de que se tratava de um crime. Muitos teriam desistido facilmente de tantos desafios, mas Tatiane não.

Agora, um desafio talvez ainda maior: lutar contra a constituição brasileira. O ato de Tatiane aproxima a todos nós não só de um crime que se passou com pessoas próximas, já que seus pais viveram em Pompano Beach no passado, mas de uma questão na constituição brasileira que deixa a todos vulneráveis. O Brasil protege seu cidadão da extradição e quem ganha com isso?

Caso seja realmente provado o envolvimento de Elias Lourenço Batista no assassinato, somente o criminoso ganha. Sua família, sua comunidade e principalmente a família de Tatiane corre o risco de ter Elias solto. Por mais que racionalmente todos concordem com isso, não basta para mudar a Constituição. Acompanhar esse caso e não deixá-lo no esquecimento é um aprendizado para todos nós.

Recentemente, brasileiros nos Estados Unidos foram prejudicados por essa lei brasileira de não extradição. O policial brasileiro no sul da Flórida, David Britto, envolvido em um crime de tráfico de drogas, fugiu para o Brasil para não ser preso. Logo depois disso, Luiz Scavone, que se envolveu sexualmente com uma menor de idade em um cruzeiro que saiu de Fort Lauderdale, foi preso, sem direito a fiança, já que representava risco de fuga para o Brasil, dessa forma, evitando que fosse mais um que não pagasse pelo crime nos Estados Unidos. O teor dos crimes não se compara, mas refiro-me a esses exemplos como precedentes que prejudicam a todos os imigrantes nos Estados Unidos.

Além desse caso, outro envolvendo a morte de brasileiros voltou aos noticiários esta semana. Carlos Campos Jr., acusado de matar seus pais a facadas, foi considerado mentalmente incapaz (pág. 16).

Agora voltando um pouco para entretenimento, esta semana descobrimos que um grupo que tem pouca repercussão entre brasileiros no exterior estará se apresentando em Coconut Creek, o “Brothers of Brazil”, duo formado por Supla e João Suplicy. O GAZETA teve a oportunidade de conversar com eles (veja matéria na pág 24), e vimos um diferencial interessante que esses brasileiros trazem para o mundo do rock, com a mistura de vários ritmos brasileiros.

Veja também na página 37, o que a Serra Gaúcha e a Califórnia têm em comum: vinhos. Com o início do outono, quem sabe não esfrie um pouco na Flórida para apreciarmos um bom vinho?