Luz no Fim do Túnel

Por Gazeta Admininstrator

Aos poucos o ambiente vai se preparando para o que agora, parece cada vez certo: teremos sim uma reforma imigratória, se Deus quiser, aprovada dentro de 10 a 15 dias, na qual cerca de 7, 5 milhões de indocumentados poderão se legalizar e, quatro anos depois, requerer a cidadania norte-americana.

Pode até ser que, depois de tanto temor, insegurança e sacrifícios de uma imensa maioria de imigrantes árduos trabalhadores, venha a recompensa de uma legalização menos sofrida do que já estávamos resignados a aceitar.

As condições para que o novo acordo entre Republicanos e Democratas seja aprovado em duas semanas são agora muito mais factíveis e mesmo alguns republicanos que estavam mais “radicais” contra qualquer possibilidade de legalização, já enxergam a total inviabilidade de manter 12 milhões de pessoas dentro do país, à margem dos processos de pagamento de taxas e obtenção de benefícios. Parece que a lógica e o bom senso irão vencer a pura demagogia da extrema direita.

Um dos sinais de que esse processo já está, na verdade, a caminho, e a anunciada ‘limpeza geral” que será dada nos arquivos da Imigração, dando conta de que qualquer imigrante indocumentado que tenha usado qualquer tipo de documento falso – Social Security, Green Card, ITIN, carta de empregador, etc – será não só investigado como colocado de fora dos benefícios da legalização.

Oficiais dos Departamentos de Estado, Segurança Interna, Justiça e Trabalho, além de outras agências federais vão fazer parte desse esforço coletivo para fazer com que o benefício da legalização seja aproveitado exclusivamente pelos imigrantes que têm “ficha limpa” nos Estados Unidos.

Essa força-tarefa, segundo anunciam os jornais e boletins da própria Imigração, será criada nas 10 maiores cidades dos EUA e não apenas visando os atuais imigrantes elegíveis para a legalização, mas principalmente para conter o que chamam de “alarmante crescimento de fraudes e crimes de falsidade ideológica”.

Na semana passada vivemos um clima curioso em relação ao processo de dabete da reforma imigratória no Senado dos Estados Unidos.
Num dia tudo parecia turvo, as perspectivas eram as piores possíveis, porque os democratas não estavam encontrando uma forma de bloquear os esforços do ultra-direitista Senador Bill Frist, aquele que defende a deportação de 12 milhões de imigrantes, causando o que já estava sendo identificado por setores da imprenas como “O Holocausto Americano”, comparando essa decisão ao massacre dos judeus pelos nazistas.

Exageros à parte, a comparação procede apenas no contexto dos Direitos Humanos e na interpretação nacionalista totalmente deturpada que alguns setores da direita americana insistem em divulgar.

Um dia depois, o inverso, chegou-se muito perto da aprovação da emenda patrocinada pelos republicanos Chuck Hagel e Mel Martínez, que facilitaria o caminho para a legalização e eventual concessão de cidadania para um número estimado em 7 milhões de imigrantes.

Para receber o benefício, os imigrantes teriam que pagar uma taxa de US$ 2 mil e demonstrar que trabalharam pelo menos três anos consecutivos no país. Também seria preciso comprovar o pagamento em dia de impostos estaduais e federais, ficha penal limpa, falar inglês e conhecer a história dos EUA.

Dessas exigências acima, a mais realista (talvez a única) seja o pagamento dos 2 mil dólares. Isso geraia uma receita imediata de 14 bilhões de dólares para os combalisdos cofres de Washington. Uma idéia bem simples, bem norte-americana, e bem aceita por todos como “justa”. Seja ou não. Afinal tem centenas de milhares de ilegais que pagariam 5, 10 ou até 25 mil dólares pelo Green Card. Que ninguém duvide disso.

Ter ficha penal limpa também não é um grande problema para a maioria dos indocumentados. Eles são, em quase 95% gente ordeira, trabalhadora e moralista.

As outras exigências me parecem bem mais “viajadas”.
Um fato lamentável (mas que deve ser entendido pelo prisma da tran sitoriedade e da ignorância) é que uma enorme parcela dos imigrantes indocumentados realmente não paga impotos. Seja porque não tem como declarar ( não tem SS nem ITIN ), recebem sempre em “cash” ou simplesmente querem apenas se aproveitar do sistema e não pagar imposto algum, hábito que alguns trazem de suas pátrias.
Falar inglês ? Uma trágica piada. Nem 20% dos imigrantes falam um inglês aceitável. Vejam bem, inglês “aceitável” não é apenas saber dizer “OK”, “All right” e “Give me my money”.
Se for partir para um teste básico do idioma, a esmagadora maioria perderia esse “vestibular”.
De todos esses ítens, entretanto, o mais “viajado” é “conhecer a história dos EUA”.

Se as autoridades norte-americanas decidissem fazer um teste com toda a sua população – digo a população de norte-americanos, nascidos aqui – nem 5% desses cidadãos saberiam algo mais que rudimentar da história dos Estados Unidos. É muito mais provável que saibam de cor os últimos ganhadores do “American idol”, a linha ofensiva do seu time de futebol preferido ou qual o nome do décimo-oitavo namorado de Paris Hilton. Mas saber quem foi Lincoln, o que significou a Batalha de Gettywburg ou como Hawai e Alaska se tornaram estados da federação....aí tá bem difícil.

Mas cremos que como reis do pragmatismo que são, os norte-americanos saberão flexibilizar ao máximo essas exigências, se prendendo mais aos aspectos que realmente importam a esta nação: a integridade dos imigrantes candidatos à legalização, seu passado fiscal e sua ficha penal. O resto é (espero) puro folclore.

Estamos animados e otimistas, apesar de cautelosos como sempre.
Acreditamos que a sociedade norte-americana, mesma aquela porção que adora culpar os imigrantes até mesmo quando seus animais de estimação têm diarréia (“afinal, essa ração não está vindo do México?”), estão concluindo que há muito mais do que poesia no reconhecimento ao direito desses 12 milhões de seres humanos permanecerem legalmente no país adotado.

Os fatores econômicos estão pesando mais do que nunca. Setores importantíssimo da economia exigem drásticamente a mão de obra farta e barata dos imigrantes e “bottom line” a América sempre falou em uníssono o idioma mais forte de todos e que não é o inglês, e sim, o lucro.

Vamos seguir rezando e torcendo. Em duas semanas, se Deus quiser e temos fé que assim será, 7,5 milhões de imigrantes indocumentados poderão enxergar a tão sonhada luz no fim do túnel.