Mãe brasileira está na contagem regressiva para que filha deixe a prisão

Por Marisa Arruda Barbosa

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Depois da tempestade que devastou a família da gaúcha Nara Silva, hoje o clima é de contagem regressiva. Ela se prepara para comemorar o que espera ser o último Dia das Mães na prisão feminina do Florida Department of Corrections, em Homestead, onde sua filha cumpre pena de seis anos e meio desde o fim de 2010.

Luana Santos foi condenada a oito anos de prisão por tráfico, mas a pena foi reduzida para seis anos e meio por bom comportamento. Até a metade de 2017, Luana estará livre.

Ao longo desses anos, Nara exerce o papel da mãe de Luana, de 29 anos, de Fernanda, de 19, e de Julia, de 16. Além disso, ela se faz uma avó mais que presente para a filha de Luana, que está com quase 10 anos e vive com o pai.

Ao longo desses anos, Nara visita a filha quase todo o fim de semana. “Hoje estou mais tranquila. Passou a fase da depressão. Esse é o último Dia das Mães na cadeia – para mim e para ela”, disse. “Mas não foi fácil ver o nome da minha filha num site da prisão”.

A única vez que Nara e Luana conversaram sobre o caso em que ela foi presa transportando drogas no condado de Broward foi na época da condenação. “Infelizmente, ela não estava na cadeia rezando. Ninguém a obrigou a fazer o que fez”, disse Nara. “Mas, agora, não falamos mais do assunto e olhamos para a frente. Ela já está pagando pelo que fez e aprendeu muito nesses anos”.

Para Nara, a história de Luana serve como exemplo para as outras filhas. “Elas sabem o que um único passo em falso pode causar aqui nesse país”, disse. “Mas elas nunca perderam o respeito pela irmã”.

Como avó, Nara, que vive em Pompano Beach, tenta ao máximo suprir a falta física da mãe. Ao mesmo tempo, Luana telefona todos os dias e sempre troca cartas com a filha. “As duas se dão muito bem e ela visita Luana com frequência”.

A condenação De acordo com o 17th Clerk of Courts, Luana foi pega com mais de 28 gramas e menos de 30 kg de Oxycodone em 22 de setembro de 2010.

“Armaram para ela entregar drogas e era uma emboscada da polícia. Ela foi pega em flagrante com uma grande quantidade de droga e isso fez com que outro brasileiro se livrasse da pena”, disse Nara. “Claro, ela topou fazer. Era nova e estava sem dinheiro”.

Ela foi presa em 6 de outubro de 2010 no Florida State Prison, aos 23 anos e não saiu mais da prisão.

De acordo com Nara, todas as acusações de Luana somavam 65 anos de prisão, mas a condenação foi por oito anos. Ao todo, Nara, que trabalha há nove anos na casa de uma família, já gastou mais de 100 mil dólares com a defesa de Luana.

“Immigration Hold” Luana não tinha ainda dado entrada no pedido de Green Card quando foi presa e, quando sair da prisão, teoricamente será deportada para o Brasil.

Mas Nara diz que continuará lutando, assim como fez até agora. “Se conseguimos que ela fosse condenada a 6 anos e meio em vez de 65 anos, tenho certeza que conseguiremos fazer ela ficar nos EUA com sua família”, disse sua mãe. “Nada é impossível”.

Mas caso Luana seja deportada, Nara dividirá seu tempo entre os dois países. “A Luana está nos EUA desde os 15 anos e sairá da cadeia com 30. Ela não sabe de nada da vida no Brasil. Ela vai precisar do meu apoio”, disse Nara. “Mas, ao mesmo tempo, tenho minhas filhas e a neta aqui – e a ideia é que a filha de Luana continue morando nos EUA e vá visita-la somente nas férias. A Luana estará sempre amparada”.