Mãe desesperada tenta proteger filha do próprio pai
Por Marisa Arruda Barbosa
Muitos brasileiros chegam aos Estados Unidos, sabem pouco sobre a cultura e as leis, e cometem muitos erros até aprenderem como tudo funciona. O erro de Karla Janine de Albuquerque, no entanto, está sendo um pouco mais difícil de corrigir.
Albuquerque veio para os EUA em 2005, quando conheceu o americano, Patrik Joseph Galvin, com quem se casou e teve uma filha. No entanto, ela foi descobrir com quem se envolveu somente durante a gravidez.
Albuquerque disse que começou a sofrer violência doméstica e um dia procurou um abrigo chamado “Safespace”, onde ficou de 14 de fevereiro a 14 de abril de 2007. Foi lá que descobriu que Galvin está na lista de sex offenders.
Um sex offender nos Estados Unidos é definido como “alguém que age libidinosamente, comete ou estimula atos sexuais em, ou na presença de uma criança com menos de 16 anos”. Uma simples busca na internet poderia ter evitado que Albuquerque passasse por tudo o que está passando.
Depois que sua filha nasceu, Galvin procurou Albuquerque, e eles acabaram se reconciliando, somente por dois meses. Ela saiu de casa com sua filha, por estar sendo constantemente ameaçada, inclusive de morte, segundo conta, e não pôde levar nada além de duas sacolas com roupas. “Eu fui dormir com minha filha em um apartamento sem nada, só com um colchão, mas dormi em paz”, disse.
“Ele fica violento facilmente, mas não deixa marcas”, disse Albuquerque, que tem, entre toda a papelada, fotos de um buraco na parede que ele deixou em um acesso de violência. “Por esse motivo eu tenho muita dificuldade de provar meu caso na corte”.
Albuquerque se separou de Galvin, e segundo ela, conseguiu seu green card pela lei de proteção a pessoas que sofrem violência doméstica. Hoje sua filha tem três anos, e ela está lutado na justiça por todo este tempo para proteger a criança do pai. No entanto, segundo alega, sua filha sinaliza ter sofrido abusos em ocasiões que foi deixada sozinha com seu pai. Foi por isso que Albuquerque conseguiu junto à justiça que as visitas do pai à filha fossem supervisionadas aos sábados.
Albuquerque procurou a psicóloga brasileira Karina Lapa depois de ler um artigo no Gazeta sobre controladores emocionais. “O artigo descrevia Galvin perfeitamente”, disse.
“Eu não estou mais lutando por child support, mas pela saúde mental e física de minha filha”, disse.
Lapa diz que em 98% dos casos, quando uma criança dessa idade fala que sofreu abuso, é verdade. Quando a criança é mais velha, é mais fácil que ela esteja sendo manipulada por uma das partes, na briga entre pai e mãe. “Quando a criança fala, é sinal que ela não aguenta mais a situação”, disse Lapa.
A brasileira diz que está passando por muita discriminação com a justiça e que já ouviu coisas horríveis do tipo, “Você deveria saber com quem se envolve”.
De acordo com Lapa, existem vários fatores que deixam Albuquerque
vulnerável neste caso, incluindo a língua, e Galvin sabe como controlar o sistema, pois já foi preso no passado por abuso de sua enteada.
Ver Albuquerque com um bloco de papeladas, mostra o quão difícil é estar
sozinha em um país em que as leis são muitos desconhecidas. Ela tem que
aprender tudo sozinha, e ainda comenta “me desculpe se te dou alguma informação errada, mas é muito difícil de entender isso tudo”.
Albuquerque já não tem mais dinheiro, e teve que reconstruir sua vida sozinha para criar sua filha com tudo que ela precisa. Agora, conseguiu uma advogada, Marjorie Graham, que está fazendo a apelação para reverter o caso, que o advogado que ela havia conseguido, fez muitos erros. Depois de reverter o caso, ela precisará de um novo advogado para continuar o processo.
Tudo o que ela quer é que Galvin seja preso, e alguns detetives acham que isso possa realmente acontecer. Lapa diz que caso Albuquerque não consiga afastar sua filha do pai, permanentemente, pelo menos é possível ensinar a criança a se defender.
Há dois fatores, segundo Lapa, que possibilitam que um abuso aconteça. Uma é a falta de supervisão, a outra, o silêncio. Nesse caso, o pai contava com o silêncio da menina pequena e da própria mãe, ameaçada. “É importante que sempre se tenha a supervisão dos filhos, pois a relação de abuso sempre envolve muita sedução”, disse Lapa.
“Eu resolvi me expor e buscar ajuda no jornal, porque não quero que nenhuma mulher passe o que eu estou passando, e também quero solicitar ajudas de mães, religiosos, pessoas de bem, que possam me ajudar de alguma forma. Estou cansada, desesperada e temo pelo pior”, lamentou a mãe. Contato com Karla através do e-mail: karlajanine9@hotmail.com.
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