Mães criando aberrações - Viver Bem

Por Adriana Tanese Nogueira

São inúmeras as famílias nas quais as mulheres têm o papel preponderante. Não só, às vezes, são elas que contribuem substancialmente com as finanças da casa, como são frequentemente elas as que realmente cuidam para que as coisas funcionem.

Preocupam-se que os filhos estejam alimentados, limpos e em saúde; e os ensinam a se alimentar, estarem limpos e em boa saúde. Cuidam para que vão à escola, que façam o dever de casa, que aprendam, que acompanhem as aulas, que tenham bons amigos; vão às reuniões escolares, falam com professores e trocam ideias com outras mães. Levam os filhos para as atividades extracurriculares, casas de amigos, festas, parentes. Compram roupas, checam se as velhas ainda servem, lavam, arrumam; ensinam os filhos (ou tentam) a se cuidar e a cuidar de suas coisas. Preocupam-se se estão bem, tristes, angustiados, assustados, mas também se estão alegres, o que os faz alegres, do que gostam, quais amigos frequentam, se são bons ou ruins, por que gostam de certas amizades. Observam suas tendências, personalidade, gostos, medos, ambições e favorecem o que é bom, tentando ajudá-los a superar seus limites. Além disso, uma mãe também cozinha, mantém a casa organizada, limpa ou se preocupa ativamente com isso tudo, faz compras, dirige para cima e para baixo. E também trabalha. Como disse, muitas vezes, trabalha para sustentar a família ou para remediar às fraquezas profissionais do marido ou a seus gastos impensados.

Diante desse colossal trabalho que pouquíssimos homens conhecem por experiência na pele, como é que ainda por cima essas mulheres têm filhos que as desrespeitam?

Há muitos filhos homens que desrespeitam suas mães (e filhas mulheres que se fazem desrespeitar de seus namorados) e têm para com elas atitudes machistas, arrogantes e prepotentes. Este comportamento vai crescendo conforme eles forem crescendo fisicamente e se descobrindo maiores do que elas e mais fortes.

Nessa semana das crianças (no Brasil), vamos nos perguntar como é possível que diante do enorme trabalho que uma mãe responsável faz – e não é preciso muito para ter uma mãe responsável, geralmente dar à luz a cria já produz um vínculo que é suficientemente forte para colocar as mulheres numa saia justa com relação as suas “liberdades pessoais” – que, após ter salvo a família de tantos naufrágios, elas ainda são maltratadas pelos seus filhos? Colocadas pra baixo ou não ouvidas quando são a voz do bom senso, da responsabilidade e maturidade?

Porque, queridas mulheres, não basta servir e servir com esmero, prontidão e perseverança. Não basta ser honestas e responsáveis. Não basta ser boas mães. É preciso um ingrediente essencial; sem o qual, o que vocês fazem cai no vazio do lixo cultural no qual todos vivemos.

Este ingrediente se chama Amor Próprio, respeito por si mesma. Uma mãe que não se respeita, termina por ser desrespeitada. Uma mulher que pisa sobre as próprias necessidades desde as óbvias (descanso) até as mais íntimas (ser amada e levada a sério), termina por ser pisada.

Uma mulher que cria seus filhos numa relação de casal na qual ela é desrespeitada consistentemente, está ensinando a seus filhos a desrespeitar não só ela como todas as mulheres.

Uma mulher que briga com um marido preguiçoso, violento, abusivo ou simplesmente desinteressado e continua com ele, está dizendo a seus filhos: a mulher não vale muita coisa e suas reclamações de nada servem. É um mero blábláblá chato.

É assim que mães dedicadas criam filhos violentos, machistas e egoístas. Ao serem submissas, alimentam a violência de marido e filhos; ao pisarem sobre si mesmas, nutrem o machismo deles; e ao serem tão “boas” e abnegadas, produzem indivíduos egoístas e insensíveis.