Mais de 2.9 milhões de indocumentados são obrigados a fazer periodicamente o check-in na Imigração

Por Gazeta News

Os Estados Unidos têm mais de 2.9 milhões de imigrantes indocumentados que precisam se apresentar periodicamente ao serviço de cidadania e imigração dos Estados Unidos - U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS). No ano passado, em meio a debates acirrados sobre separação familiar, caravanas de migrantes e bilhões de dólares para um muro de fronteira, a atenção do país foi fixada na fronteira entre os EUA e o México. No entanto, todos os dias, o futuro de milhares de pessoas indocumentadas é decidido longe dessa fronteira, em complexos de escritórios que fazem parte do vasto e muitas vezes sobrecarregado sistema projetado para impor as leis de imigração dos EUA. De acordo com levantamento do Washington Post, desses 2,9 milhões, mais de um milhão já enfrentam pedidos finais de remoção dos Estados Unidos. Dos que já possuem, a maior parte permanece por benefício de leis anteriores ou ordem de juiz por ter filho nascido nos EUA, outros são casos de asilo político como os da América Central, outros aguardam julgamento na Corte de Imigração. Como aconteceu com a brasileira Tatiana Gonçalves, que mora há 14 anos no sul da Flórida e no dia 19 de abril recebeu uma ordem de deportação ao fazer o ‘check-in’ regular na agência do U. S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) em Miramar. Atuante na comunidade brasileira do sul da Flórida e liderando projetos de apoio a mulheres vítimas de abusos, ela contou ao Gazeta News que deram o prazo de saída do país até outubro. “Disseram que preciso levar minha passagem já comprada lá em agosto”, afirmou. Sem antecedentes criminais, mas com o passado de ter entrado nos Estados Unidos pela fronteira com o México, Tatiana tenta reverter a decisão da agência por meio de processo que já estava em andamento para sua legalização. Check-in O check-in consiste em comparecer à determinada agência do USCIS, onde os imigrantes passam por detector de metal e precisam preencher um formulário de admissão que é entregue a um agente. A diferença é que atualmente, a prioridade dada à deportação não tem sido somente de imigrantes condenados por crimes sérios, mas também aqueles que possuem uma ordem em aberto, de acordo com especialistas no assunto. Um porta-voz do ICE disse que a agência não rastreia quantos imigrantes não aparecem nos check-ins, nem sabe quantos check-ins ocorrem todos os dias em todo o país, mas é facilmente na casa dos milhares. Eles ocorrem em mais de duas dúzias de locais, de São Francisco, San Antonio, ao sul da Flórida. “Hoje existe um medo real que os imigrantes com cartas de deportação sejam presos e mandados de volta aos seus países durante esses check-ins. Muitos não comparecem e acabam tendo que mudar de endereço e viver nas sombras, já que sabem que serão deportados se forem pegos”, comentou Nicholas Katz, da organização pró-imigrante CASA. Com informações do Washington Post.