Mais dinheiro de socorro

Por Gazeta Admininstrator

O Federal Reserve (Fed, BC dos EUA), em mais uma forte intervenção no sistema financeiro, anunciou, na terça-feira (25) um programa de $ 600 bilhões para comprar dívidas relacionadas a hipotecas e ativos e $ 200 bilhões para comprar ativos ligados à dívida de consumidores.

O banco central norte-americano vai comprar até $100 bilhões em dívidas emitidas por Fannie Mae, Freddie Mac e pelo Federal Home Loan Banks.
O Fed também irá comprar até $ 500 bilhões em ativos hipotecários garantidos por Fannie Mae, Freddie Mac e Ginnie Mae.

O plano tem como objetivo atingir o centro dos problemas econômicos dos Estados Unidos, o problemático mercado imobiliário.

“Esta ação está sendo tomada para reduzir o custo e aumentar a disponibilidade de crédito para compra de moradias, o que, por sua vez, deve dar sustentação aos mercados imobiliários e contribuir para a me-lhora das condições financeiras de modo geral”, destacou o Fed em comunicado.

O Fed também lançou um instrumento de $ 200 bilhões para apoiar empréstimos ao consumidor, incluindo estudantes, automóveis e cartão de crédito, além de empréstimos garantidos pelo órgão federal Small Business Administration.

“Um dos maiores problemas que temos é que há falta de demanda por dívida. Vimos o mercado para dívida securitizada como cartões de crédito ou financiamento a estudantes secar completamente. Acho que isso [o programa do Fed] deve ajudar a desbloquear os mercados de crédito”, avaliou Scott Brown, economista-chefe da Raymond James & Associates, na Flórida.

Efeitos
O novo mecanismo anunciado na terça-feira(25) pelo Federal Reserve (Fed) para sustentar o mercado de créditos ao consumidor começará a funcionar efetivamente em fevereiro do ano que vem, segundo membros do governo americano.

O outro programa anunciado pelo Fed, que prevê a compra de títulos respaldados por hipotecas, emitidos por Fannie Mae e Freddie Mac, deve também começar a surtir efeito no primeiro trimestre de 2009, acrescentaram.

A compra de ativos respaldados por créditos hipotecários (“mortgage backed securities”, MBS) erá feita através de administradores de ativos “selecionados por um processo de livre concorrência, com a meta de iniciar estas compras antes do fim do ano”, segundo o Fed.

Quebrados pela estagnação do mercado imobiliário e pela falta de liquidez, Fannie Mae e Freddie Mac mantiveram um ritmo de prejuízos colossais mesmo depois de terem sido assumidas pelo governo, no dia 7 de setembro.
As perdas do Fannie chegaram no terceiro trimestre a $28,9 bilhões de dólares, e as do Freddie, a 25,3 bilhões.

O tamanho do esforço
Segundo levantamento do site da emissora financeira de TV paga CNBC, o total de dinheiro público gasto ou comprometido até agora com as operações-resgate nos EUA bate os $ 4,6 trilhões, incluídos os $ 326 bilhões. O total é exatamente um terço do PIB americano (as riquezas produzidas pelo país num ano).

É mais do que o dobro do que o país gastou com a Segunda Guerra Mundial ($ 2 trilhões em dólares ajustados), quase metade da dívida pública norte-americana ($ 10,6 trilhões), pouco menos de dez vezes o total gasto na Guerra do Iraque até agora ($ 600 bilhões). E deve vir mais por aí.
O plano, que começou com $ 175 bilhões em medidas de auxílio à classe média, extensão de benefícios a desempregados e ajuda a governos estaduais e municipais, aumenta a cada dia.

Já chegou a $ 700 bilhões. Para os críticos de Obama, seria a resposta populista, na mesma grandeza, ao pacote aprovado a contragosto pelos democratas para resgate do setor financeiro. Nas circunstâncias atuais, o gasto público não é necessariamente ruim.

Historiadores como Ron Chernow indicam a mão fechada do governo de Herbert Hoover (1929-1933) como um dos motivos que levaram à Depressão herdada por seu sucessor, Franklin Delano Roose-velt (1933-1945).

Em reunião de cem CEOs, os executivos mais graduados das principais empresas do país colocaram um pacote de estímulo fiscal no topo das prioridades de Obama.

Mesmo os outrora bastiões do controle de gastos públicos, como o Fundo Mone-tário Internacional (FMI), que passaram os anos 90 pregando a países da América Latina e da Ásia o catecismo do orçamento equilibrado e da responsabilidade fiscal, agora dizem que o momento é de gastar.

Nos cálculos do diretor-gerente do Fundo, o francês Dominique Strauss-Kahn, o mundo deveria implantar um pacote de estímulo fiscal gigantesco equivalente a 2% do PIB mundial. Considerando os números do “World Factbook” da CIA, a agência de inteligência norte-americana, o preço para sair do buraco é perto de $ 8 trilhões - ou cerca de 5,7 “Brasis”.