Mais um sinal de boas vindas aos brasileiros

Por Gazeta News

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Marisa Arruda Barbosa Simone Raguzo *com colaboração

Em sua última viagem aos Estados Unidos, Júnior Volpato, um gerente de negócios internacionais de uma indústria de implantes dentários, em Curitiba (PR), percebeu algo inusitado: “o inspetor da alfândega, ao invés de me tratar como nos velhos tempos, perguntando ‘o que você quer aqui?’, me recebeu com um sorriso e pronunciando: ‘bem vindo’ como se fosse um brasileiro”.

Esse sinal de boas vindas está vindo de várias formas a brasileiros. No dia 26, a Missão Diplomática dos Estados unidos anunciou, em São Paulo, que os Estados Unidos querem incluir o Brasil no programa Global Entry (Gep). Com isso, brasileiros a trabalho poderão ter sua passagem pela imigração e alfândega agilizada no aeroporto. Os viajantes aprovados em uma seleção prévia de documentos não precisarão passar por filas de controles de passaporte na chegada a 20 aeroportos norte-americanos, entre eles os de Miami e de Nova York.

“Essa nova fase de ‘ser’ brasileiro realmente é impressionante. Em muitos dos lugares do mundo que estive recentemente, mais de 14 países, encontrei pessoas do Brasil fazendo compras, disse Volpato. “Facilitar a nossa logística é interessante comercialmente para os EUA, e facilitará aos profissionais brasileiros que viajam por necessidade, como eu”.

Ao mesmo tempo em que isso não significa necessariamente uma mudança na política de concessão de vistos para brasileiros, é certamente mais um passo no estreitamento das relações entre Brasil e Estados Unidos. “Isso é mais um facilitador para o brasileiro que viaja aos Estados Unidos”, disse Marc Frey, senior director da firma de advogados Steptoe and Johnson, que tem a US Travel Association como um de seus maiores clientes.

O Global Entry Program (Gep) foi criado pelo U.S. Customs and Border Prtection (CBP) primeiramente só para americanos e residentes que viajam com bastante frequência. O programa procura agilizar a entrada de pessoas que concordem em submeter informações previamente e representem-se como viajantes de baixo risco. Participantes podem entrar nos EUA usando quiosques automáticos, localizados em aeroportos selecionados.

Segundo Frey, inicialmente o programa exigia reciprocidade do outro país, ou seja, que americanos tenham o mesmo tratamento no Brasil, nesse caso, o que realmente é a intenção, uma vez que mais americanos estarão visitando o Brasil para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Agora, segundo Frey, esse projeto-piloto não exige reciprocidade, mas ainda depende de negociações com o Brasil. A expectativa é que o acordo seja assinado entre maio e junho deste ano.

Projeto piloto beneficiará somente executivos, inicialmente

Inicialmente, o programa deve beneficiar 150 viajantes, principalmente executivos, funcionários de meios de comunicação e de empresas aéreas, que poderão ter até 70% de redução no tempo de espera nos aeroportos dos Estados Unidos. Se a experiência tiver sucesso, o número de beneficiados deve subir para 1,5 mil pessoas. A expectativa é que, no futuro, mesmo aqueles que viajam a turismo também possam participar do programa.

Os interessados deverão se inscrever no sistema pela internet, pagar uma taxa de $100 dólares (válida por cinco anos) e aguardar uma resposta. A taxa não será restituída caso o visto seja negado.

De acordo com a diplomacia dos EUA, a checagem dos documentos será rigorosa e dependerá também de cooperação das autoridades brasileiras. Entre os itens que serão avaliados está o atestado de antecedentes criminais, que deve ser expedido pela Polícia Federal.

Como viaja com frequência, Frey afirma que este programa facilita muito a sua vida. “Eu economizo pelo menos 45 minutos no aeroporto. Um dia desses, cheguei de Londres num horário que chegaram vários voos ao mesmo tempo, eu não precisei falar com ninguém, e passei pela segurança em poucos segundos”, relata. “Acho que esta decisão é um passo positivo para uma cooperação maior entre o Brasil e Estados Unidos”.

Também participando constantemente de viagens a negócios, o analista de vendas internacionais, Leonardo Figueiredo, de Curitiba (PR), afirma que em suas inúmeras viagens aos EUA, nos últimos seis anos, já havia visto este programa “Global Entry” em alguns aeroportos. “O fato deste programa estar sendo aberto agora para brasileiros, demonstra um passo em direção a uma maior integração dos dois países, o que pode trazer vários benefícios econômicos e culturais para ambos”, acredita. “Para quem viaja frequentemente, esta possibilidade de ganho de tempo é muito bem vinda. Só quem vive em aeroportos sabe o quanto é desagradável e frustrante o tempo que se perde. Espero que, com o tempo, outras medidas para ampliar a integração Brasil - EUA sejam adotadas. Todos temos a ganhar”, finaliza.

Presidente da US Travel Association fala da urgência da expansão do Visa Waiver Há um crescente suporte a um projeto de lei que visa agilizar e expandir a concessão de vistos para que o turismo internacional estimule a economia, chamada Jobs Originated Through Launching Travel (JOLT) Act. A US Travel Association expressou a urgência da aceleração da concessão de vistos e a expansão do Visa Waiver Program, diante de um subcomitê judiciário do Senado sobre Imigração, Refugees and Border Security, no dia 27.

De acordo com o presidente da US Travel Association, a mídia internacional já escreveu inúmeras histórias de terror que viajantes estrangeiros passaram no passado, tentando entrar nos EUA. “O interesse de visitar os Estados Unidos persiste, mas potenciais visitantes se sentem desencorajados por dificuldades no processo de vistos que poderiam ser eliminados sem comprometer a segurança”, disse Roger Dow.

O JOLT Act codifica um standard de duas semanas para a emissão de vistos. No início, entrevistas para vistos deveriam ser marcadas dentro de 15 dias, e depois de um ano, em 10 dias.

Ainda de acordo com o discurso de Dow, países dentro do VWP (que não exige vistos para a entrada nos Estados Unidos) são a maior fonte de viagens internacionais aos Estados Unidos. Em 2011, mais de 18 milhões de visitantes, aproximadamente 70% de todos que visitaram os Estados Unidos, chegaram através do VWP, gastando $69 bilhões de dólares, apoiando 525 mil trabalhos e gerando $13 bilhões de dólares em salários.

Por isso, Dow afirmou que o Department of State and Homeland Security deveria imediatamente começar negociações bilaterais com os 11 países que queiram entrar no programa, o que inclui o Brasil.

Segundo Frey, em outubro desse ano, o Brasil pode ser avaliado para entrar no programa. Entre as exigências, a taxa de rejeição de vistos a brasileiros tentando entrar nos EUA deveria estar abaixo dos 3%, e, na última avaliação. o país teve um índice de rejeição de 3.8%. No entanto, ainda de acordo com Frey, parte a lei proposta pede que o limite na rejeição de vistos vá de três a 10%, o que já incluiria o Brasil nos países elegíveis ao programa.

“A audiência do dia 27 foi muito positiva, e o projeto de lei tem o suporte dos dois partidos”, disse. “É sempre difícil afirmar, no entanto, se uma lei será aprovada ou não”, completa.