Mania... Qual é a sua?

Por Gazeta Admininstrator

Por algum motivo, o tema “manias’ tornou-se muito comum nos blogs de internet. Basta ir ao Google e digitar a palavra “manias” e se encontrará uma extensa relação de páginas que convidam participantes de blogs a relatarem suas manias mais comuns.

Não sei bem se a internet é um ambiente propício para este tipo de discussão, ou se o tema tornou-se mais importante na vida das pessoas hoje em dia.

Os especialistas em comportamento afirmam que as manias são derivadas da ansiedade, muitas vezes provocada pela pressão cotidiana. Mas o fato é que há manias de todos os tipos e tamanhos. “Não consigo ver números ímpares que me dá um arrepio, e sempre procuro deixar tudo par”, afirma um internauta. Outra moça afirma não suportar sobrancelhas despenteadas. “Quando vejo uma, tenho que ajeitar”, diz a jovem.

Até aí, aparentemente tudo bem, na ótica dos terapeutas. Segundo eles, a mania que precisa ser tratada, considerada patológica, é aquela que prejudica o relacionamento com os demais, ou a rotina diária de quem tem a mania. Exemplo típico é o relatado a seguir por outra internauta. “Quando estou saindo de casa, geralmente volto para conferir se não deixei o ferro de passar roupas ligado. Como se não bastasse, retorno novamente para ter certeza de que tranquei a porta com a chave. Nesse vai e vem...eu acabo perdendo o ônibus”.

As compulsões, conhecidas popularmente como “manias” são comportamentos ou atitudes de aspecto repetitivo que a pessoa com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) adota com intuito de reduzir a ansiedade provocada por pensamentos ruins. A definição é de Mirian Pirolo, farmaceutica-bioqúimica e assessora literária da clínica Medicina do Comportamento, especializada em transtornos de comportamento, no Rio de Janeiro.

O universo de manias é tão grande quanto a imaginação humana. Algumas, no entanto, são mais conhecidas. “Tenho mania de lavar as mãos em lugares diferentes. Eu lavo no banheiro, depois na pia da varanda e depois procuro outro lugar. Mesmo que a mão esteja limpa, eu lavo várias vezes, enxuguo e lavo de novo”, afirma um internauta. Em geral, mais ou menos comuns, as manias têm o mesmo perfil de repetição. “Tenho mania de molhar os pés antes de dormir. Eu posso ter tomado banho estar limpinha, mesmo assim eu molho os pés enxugo e vou dormir”, conta uma jovem adolescente.

A psicoterapeuta Célia Moreno, que tem consultório em Pembroke Pines, explica que as manias são um mecanismo criado para dar à pessoa a sensação de controle da situação. “Muitas vezes pessoas se envolvem em hábitos como esses por sentirem-se vulneráveis. Essa é uma das formas que encontramos de nos sentir no controle, como se nossa mente buscasse uma forma de se sentir dona da situação, pautando a própria realidade, o próprio dia-a-dia”, explica Moreno.
Os movimentos repetitivos, explica ela, começam a fazer parte da rotina da pessoa, e tornam-se manias. “Na verdade a única necessidade é a de ter controle em algum aspecto da vida. Posso ter dificuldades financeiras, ou com parceiro, mas em algum aspecto da vida se desenvolve manias para tomar controle da situação”, detalha ela, acrescentando que as manias podem também ser consideradas uma espécie de fuga. “É como se a pessoa voltasse toda a energia de sua psiqué para outra coisa, inventada por ela”, conclui.

Mas se você tem alguma mania, não se desespere. As manias são decorrentes da ansiedade e “a ansiedade é parte do nosso condicionamento que, por sermos humanos, todos enfrentamos”, esclarece Moreno.

O problema, como em tudo na vida, está na falta de medida, de equilíbrio. Várias pessoas usam esse mecanismo de maneira excessiva, e ele passa a ser o foco de sua existência. Nestes casos, a mania pode ser patológica, e é aconselhável buscar o auxílio de um terapeuta. “O limite só se conhece perguntando a si mesmo. Isso está me atrapalhando no trabalho? Dificulta meus relacionamentos no trabalho ou pessoais? Isso me impede de usufruir da vida, de fazer minhas escolhas? Esse tipo de reflexão é que vai dizer se o caso é patológico ou não, ou então pessoas em volta de você. Se você sempre chegar tarde no trabalho porque voltou várias vezes para ver se a porta estava fechada, ou o fogão desligado, aí é hora de procurar ajuda porque a mania está prejudicando a sua vida”, resume a terapeuta.

Ela observa que é sempre importante contar com o apoio de um terapeuta, caso as manias comecem, de fato, a prejudicar a rotina diária da pessoa. “Quando não tratada, a ansiedade chega em nível tão severo que a pessoa não sai de casa, não tem amizades, não consegue trabalhar, vai tomando conta da vida social, econômica, familiar e profissional”, afirma.

Crianças
O comportamento das crianças deve ser atentamente observado pelos pais. Da mesma forma que é necessário um acompanhamento clínico, um check up anual, é importante fazer uma observação emocional e de comportamento das crianças. “Se seu filho inicia hábitos que não parecem normais, busque ajuda de um terapeuta, mesmo que seja para uma única consulta, para tirar dúvidas, e não necessariamente se precisa levar a criança”, alerta Moreno.

O universo de manias possíveis é imenso. Por isso, observe se seu filho cria algum ritual de atividade repetitiva e sente-se ansioso caso não consiga completá-lo. Por exemplo, se só sai de casa depois de colocar todos os sapatos na mesma posição, e chora se você não deixa terminar de arrumar antes de sair”, exemplifica Moreno.

Internet
A internet deu origem a uma variedade de doenças e vícios modernos, revela o semanário científico britânico New Scientist.

Confira as webdoenças listadas pela New Scientist:
Ego-navegação (ego-surfing):
Quando você checa seu nome e informações na internet com freqüência em busca do número de ocorrências.

Blog-indiscrição (blog streaking):
Revelar na internet segredos de informação pessoal que para o bem de todos seria melhor manter em caráter privado.

Blackberrymania (crackberry):
A maldição do executivo moderno: não conseguir parar de checar o Blackberry, mesmo no funeral da avó. O Blackberry é um popular aparelho que pode ser usado para tirar fotos, telefonar, enviar e-mails e navegar na internet.

Google-espionagem (google-stalking):
Define-se como o ato de “espionar na internet antigos amigos, colegas e namorados”.

Cibercondria (Cyberchondria):
Mania de buscar doenças na internet. Se você está com dor de cabeça e uma erupção diferente ao mesmo tempo? Uma exaustiva pesquisa online diz que você pode estar com câncer.

Fotobisbilhotice (photolurking):
Ato de vasculhar o álbum de fotos de alguém que nunca viu na vida.

Wikipedimania (wikipediholism):
Excessiva dedicação a contribuir com a enciclopédia online colaborativa Wikipédia.
A Wikipédia tem inclusive uma página onde o usuário pode verificar se já está viciado: http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Are-You-a-Wikipediholic-Test.

Chicletepod (cheesepodding):
Baixar uma canção “tão chiclete que seria possível envolvê-la em plástico e vendê-la numa loja de conveniência”. As vítimas desta síndrome são especialmente vulneráveis aos maiores sucessos do soft-rock dos anos 1970s.