Manifestações tiveram início em SP e espalham-se pelo Brasil e pelo mundo

Por Gazeta News

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No dia 6 de junho, em São Paulo, foi dada a largada para uma série de protestos que tomou o Brasil, de Norte a Sul, e até mesmo comunidades com grande concentração de brasileiros no exterior. A cada dia, as manifestações tomaram uma proporção jamais vista no Brasil, desde os movimentos que pediram o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992. São mais de 400 cidades brasileiras (em 26 estados) e aproximadamente 70 no exterior (incluindo 25 países), onde as manifestações estão sendo realizadas.

Além de uma manifestação de brasileiros do sul da Flórida, no fim da tarde do dia 18, que reuniu aproximadamente 500 pessoas no centro de Miami, muitos grupos que vivem em Boston, Nova York e San Diego, aderiram ao manifesto.

A convocação de novos atos e manifestações de apoio aos protestos contra o aumento das passagens se espalha pelas redes sociais, como nos grupos “Brasileiros na Flórida” e “Democracia não tem Fronteiras/ Sul da Flórida”, ambos no Facebook.

Brasileiros em Berlim e Hamburgo (Alemanha), Dublin (Irlanda), Montreal (Canadá), Barcelona (Espanha), Copenhague (Dinamarca), Sydney (Austrália) e Londres (Inglaterra) também participaram. Ainda na Flórida, Orlando programa seu protesto para o próximo sábado, 22, às 5pm, na I-Drive, assim como Sarasota, que organiza uma manifestação para o dia 1º de julho, às 6pm, na Main Street, no centro da cidade.

Motivos Os protestos tiveram início devido ao aumento nas tarifas de transporte público na capital paulista. As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011.

No final da tarde do dia 19, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, confirmou a redução de R$ 2,95 para R$ 2,75 nas tarifas de ônibus, metrô e barcas e, em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad anunciaram que passagens de ônibus, metrô e trens voltam a custar R$ 3 a partir do dia 24.

Entretanto, os protestos ganharam dimensões que vão além, como em solidariedade às vítimas da violência policial ocorrida na manifestação do dia 13 em São Paulo, contra a corrupção, contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, entre outras causas locais, estaduais e nacionais. Pelas redes sociais se disseminam as mensagens de “Não é por 0,20 centavos”, “A Luta se nacionalizou”, “Democracia sem fronteiras”, “O Brasil acordou”, e “O Brasil mudou seu status de ‘deitado eternamente em berço esplêndido’, para ‘verás que um filho teu não foge a luta’”.

Cenas de guerra em alguns protestos

Em alguns protestos realizados no Brasil, manifestantes e policiais entraram em confronto. Enquanto alguns policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, alguns manifestantes respondiam com pedras e rojões. São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre foram algumas das cidades que sofreram com violência durante os protestos.

Centenas de pessoas também foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. Parte dos manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet e obrigaram uma atitude dos governos estadual e municipal. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado afirmou que a polícia não usaria mais gás lacrimogêneo ou balas de borracha para reprimir os novos protestos. Foi informado também que ninguém seria preso por levar consigo recipientes com vinagre.

Em um dos protestos realizados essa semana em São Paulo, manifestantes radicais, sem o apoio dos pacíficos, tentaram invadir a Prefeitura Municipal. No Rio, outros tentaram entrar na Assembleia Legislativa.  Em Brasília, centenas de pessoas tomaram a cobertura do Congresso Nacional.

No dia 15, na cerimônia de abertura da Copa das Confederações, Dilma Rousseff e Joseph Blatter tiveram seus discursos vaiados pelo público.

'Essas vozes precisam ser ouvidas', afirma a presidente Dilma

Apenas no dia 18 de junho, a presidente Dilma Rousseff quebrou o silêncio e se

pronunciou a respeito das manifestações que tomaram o país. Segundo a líder, seu governo está atento às pressões sociais das ruas, decorrente da onda de protestos contra o aumento das tarifas do transporte público no país e afirmou que "essas vozes precisam ser ouvidas".

"A minha geração sabe o quanto isso nos custou, eu vi ontem (dia 17) um cartaz muito interessante que dizia 'desculpem o transtorno, estamos mudando o país'. Quero dizer que meu governo está atento a essas vozes pela mudança, está empenhado e comprometido pela pressão social", ressaltou a presidente.

No mesmo dia, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, responsável pela articulação com movimentos sociais, disse que a presidente estava atenta e preocupada com a mensagem dos protestos, mas que o governo ainda tentava entendê-la.

Dilma condenou atos de violência que, segundo ela, foram minoritários nas manifestações, afirmando que as ações isoladas "não ofuscam o espírito pacífico das pessoas que foram às ruas para pedir pelos seus direitos".

Petição por impeachment Membros da Avaaz, rede que promove petições on-line em diversos locais do mundo, pretendem reunir cinco milhões de assinaturas digitais para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Até a manhã do dia 19, aproximadamente 270 mil pessoas haviam aderido à campanha "para acabar com a corrupção, desvio de dinheiro público, sucateamento da saúde, das estradas, da educação, segurança pública e outros", conforme o site.

Com informações do "Terra".