Marcelo Mello: Coaching x Psicologia

Por Marcelo Mello

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Embora hoje em dia praticamente todo mundo saiba do que se trata, Coaching no Brasil virou outra coisa que não tem nada a ver com o que foi criado nos anos setenta nos Estados Unidos. Nem vou entrar nesse mérito. Vou contar como é que entrei nessa profissão.

Todo esse processo começou em minha vida quando resolvi estudar psicologia depois de velho. Estudei dois anos e desisti. Não era aquilo o que imaginava. Sei que os dois primeiros anos são chatos em qualquer curso universitário, blá, blá, blá.

Como ser humano que tem bom nível de autoconhecimento, não preciso de muito tempo para saber do que gosto ou do que não gosto.

Ainda que entenda a grande importância que tem – já fiz e penso em voltar a fazer terapia – a diferença entre Psicologia e Coaching é abissal.

E foi em uma dessas sessões que minha “personal” psicóloga me apresentou ao coaching. Pelo fato de me conhecer muito bem, ela disse que a psicologia era “passiva” demais para minha personalidade. Acabei entrando de cabeça nessa, até então no Brasil, desconhecida profissão. Isso foi em 2006, precisamente.

Costumo definir do mesmo modo que minha terapeuta o fez quando apresentou isso tudo a mim: “Psicólogos são passivos e Coachs são ativos”.

Pode parecer uma definição simples, de fato é, mas explica rapidamente a questão sem deixar margem para dúvidas. Em outras palavras, tanto em teoria quanto na prática, psicólogos não podem atuar na aplicação de processos de Coaching, a menos que abandonem a psicologia.

Não existe lei, claro, estou falando que não podem, querendo dizer não devem, porque não tem o menor fundamento. Não faz sentido, pois são abordagens completamente diferentes! E lidar com saúde mental não é brincadeira, não é para charlatões que pregam “vidas espetaculares” por aí. Ou como aquela outra que alardeia que as pessoas têm que dar uma guinada na vida de 360º.

Como no Brasil os consultórios dos psicólogos andavam às mínguas e a “modinha” coaching estava chegando, todo mundo se bandeou para conseguir pagar as contas.

O Coach tem participação ativa na busca, nos desejos, nos sonhos do cliente que o contrata. Mais ou menos como um parceiro que ajuda, divide, participa ativamente do projeto de vida do cliente.

Digamos que um psicólogo quer saber sobre o seu passado. Ele te ajuda a decifrar, a entender os porquês das suas atitudes desde sempre até hoje. O Coach te ajuda a partir de hoje em direção ao futuro. O passado tem uma importância relativamente pequena no coaching.

Na verdade, o papel do bom Coach é extrair o melhor de cada cliente para que ele efetivamente aplique esse melhor em sua vida com intuito de buscar seus objetivos. Isso não exclui o trabalho – separado – dos psicólogos. Todo mundo deveria fazer terapia. Uma coisa complementa a outra, e não exclui a outra - como as cabecinhas simplistas analisam superficialmente.

Deixo isso claro porque alguns psicólogos andam choramingando que Coaches tentam atuar como terapeutas. Não são. É óbvio que não! Mas podem ter certeza, existem muito mais psicólogos tentando ser Coaches do que o contrário.

Chega de mimimi, psicologuinhos. Se resolvam!