Marcelo Mello: Coitadismo

Por Marcelo Mello

vitima

Há uma nova modinha comportamental em curso: O coitadismo. É uma estrada sem volta, afinal, o coitadismo funciona desde que o mundo é mundo. Só entrou na moda agora, mas é bem antigo.

Ser coitadinho é bem visto pelos humanos. Essa gente que não serve para nada, que tem medo da vida, que não se prepara para qualquer tipo de perda, enfim, os fracos, sempre conseguem algo como recompensa pelo seu suposto sofrimento.

Acho que os coitadinhos profissionais fingem para chamar atenção. São doentes que têm medo de se tratar.

Autoestima é algo pessoal, só pessoal. Quem tem que fazer força para levantá-la quando ela está baixa é a própria pessoa, e não os outros. Até porque, convenhamos, ainda que fosse no meio da rua e diante de um desconhecido, quando vemos uma pessoa se lamuriando, logo tentamos imaginar sua dor e, por vezes, tentamos nos solidarizar oferecendo alguma ajuda. Mas isso basta? Não. Ajuda? Também não. Uma pessoa que vive sendo amparada pelos outros acaba por se acostumar a esse comportamento infantil: “Já que sempre haverá alguém para me confortar, para que vou me esforçar para cuidar de mim?”

Pois é. Passar a mão na cabeça dos outros nunca ajudou. Se ajudou, foi num primeiro momento para estancar qualquer crise, mas a médio prazo, só atrapalha. Você ajuda e alimenta a fraqueza, a falta de reação, o conformismo.

As pessoas hoje em dia têm uma necessidade doentia de chamar atenção. Fazendo isso, entendem, se sentirão queridas e aceitas. Parece que todo mundo ama ser chamado de coitado. O que no passado era uma ofensa, hoje parece ser um estado de espírito a ser alcançado. Não sei por que é que as pessoas estão cada vez mais fracas. Mas faço uma ideia.

Baseados na premissa da proteção, todo mundo se mobiliza para defender as minorias. As minorias, safadas em sua maioria, usam e abusam. Sabe criança quando testa o limite dos pais? Então, é basicamente isso, quando mais cedemos, mais abusam.

A verdade é que lidar com a realidade dói, eu sei. Conhecer-se profundamente é a busca que deveria motivar a todos. Mas, não, ninguém quer lidar com a realidade, com a verdade. As pessoas preferem se fazer de coitadinhas em vez de ir à luta.

Mais do que fracos, são infantis. Há de fato uma infantilização da sociedade, principalmente entre os mais jovens, entre os 15 e 25 anos, mas não só eles. Talvez eles sejam infantis porque seus pais os criaram assim, sem permitir que eles se defendam e cresçam, impedem de criar anticorpos. As pessoas estão com medo de crescer.

Quantas brincadeiras já vimos nas redes sociais a respeito de nos tornarmos adultos. Uns falam que isso dói, outro dizem que isso cansa... não é brincadeira de criança, quem diz isso é adulto faz tempo. Acham de verdade que o mundo deveria ser cor de rosa. Ignoram a realidade.

É triste constatar que as pessoas estão cada vez mais fracas numa sociedade que exige cada vez mais força.