A baiana Maria Creuza tem uma das mais ricas e peculiares trajetórias de sucesso há mais de quatro décadas na MPB. Ainda adolescente já brilhava como uma das maiores revelações da MPB nos anos 60. Vinícius de Moraes imediatamente “descobriu” o suingue especialíssimo da baiana e foi com ele que Maria Creuza percorreu o mundo e estabeleceu as bases de uma intensa e sempre vitoriosa carreira internacional.
Casada com o pianista e maestro argentino Vítor Díaz Vélez, Maria tem três filhos: Carlos (que vive há muitos anos aqui na Flórida, em Tamba Bay), Marco (empresário no Rio) e Luana (formada de Marketing). Do Rio de Janeiro, enquanto prepara seu primeiro show em Mia-mi, Maria Creuza respondeu às perguntas do Gazeta Brazilian News.
Gazeta - Maria, você segue uma carreira de décadas onde seu prestígio jamais ficou abalado. A que você atribui esse constante carinho e respeito do público?
Maria Creuza - Imagino que as pessoas me prestigiam e seguem até hoje porque gostaram da minha postura, repertório, coerência no trabalho. Além do que, desde o princípio da minha carreira, estou cercada de compositores talentosos que só enriqueceram minhas escolhas.
Gazeta - Pelo menos três fases se des-tacam em sua carreira: a fase inicial quando revelou a dupla Antônio Carlos e Jocafi, em seguida formando o trio ao lado de Toquinho e Vinícius de Moraes, e a fase de Diva Romântica e da dor-de-cotovelo. Qual delas reflete melhor quem é Maria Creuza ?
Maria Creuza - As três me refletem. As três fases me definem como intérprete. Não saberia dizer qual é a mais importante porque me identifico igualmente com as três fases e sigo cantando músicas de todas elas.
Gazeta - Sendo uma artista brasileira de constante presença internacional, porque você nunca se apresentou em Miami?
Maria Creuza - Realmente, essa é uma boa pergunta. Várias vezes estive com shows marcados e eventos importantes para os quais fui convidada em Miami, mas por alguma razão, naquele momento, o show não aconteceu. Graças a Deus tenho uma agenda muito intensa dentro e fora do Brasil. Mas realmente estarei realizando um antigo desejo, que é cantar numa cidade que expressa tão bem um mix cultural, e com uma grande platéia brasileira que sei, adora nossa MPB.
Gazeta - Como você vê a música brasileira de agora? Mais pobre ou simplesmente diferente?
Maria Creuza - Simplesmente diferente. É clara a tendência a buscar o óbvio, o imediato. Estamos todos “correndo atrás”.Os compositores da minha geração estão regravando seus “hits” ou compondo para consumo próprio. Uma vez ou outra é que dão uma ou outra canção para algum intérprete gravar. E com a crise nas gravadoras, tudo está mudando.
Gazeta - Quem Maria Creuza ouve em casa?
Maria Creuza - Ouço o que meu estado de espírito pede: de Sting, Carly Simon, etc. a Zeca Pagodinho, passando por música clássica! Sou pisciana...
Gazeta - Como foi o ano de 2007 em sua carreira?
Maria Creuza - 2008 tem sido muito positivo e, saravá! espero que continue assim! Tenho viajado muito e descubro cada vez mais um público fiel em vários países. O que me dá certeza de que a música brasileira é um idioma mágico, sem barreiras.
Gazeta - Em 2001, a tragédia do World Trade Center forçou o cancelamento de seu show no Press Award daquele ano. Esse projeto ficou pendente...
Maria Creuza - É verdade, a tragédia provocou o cancelamento do nosso show naquele ano. Mas, veja só, aqui estou planejando nova apresentação para breve que, se Deus quiser, será em novembro ou dezembro vindouros. Mas não se apagará jamais aquela tragédia em nossos corações, embora a vida tenha que continuar...
Gazeta - Nunca pensou em se radicar fora do Brasil?
Maria Creuza - Já pensei várias vezes em me radicar fora do Brasil, inclusive na Flórida. Mas não descarto essa possibilidade até o final de 2008. Só tenho que escolher para onde vamos....
Gazeta - Sua mensagem para os brasileiros do Sul da Flórida.
Maria Creuza– Eu tenho um carinho e admiração por todos os brasileiros que vivem e trabalham no Exterior, fazendo a sua parte com muita dignidade e talento! E que não deixem de prestigiar seus conterrâneos em todas as manifestações da Arte brasileira!
Espero que todos os que amam a nossa MPB vão assistir o nosso show no dia 15.

