Massa, Piquet e os abutres da mídia

Por Gazeta Admininstrator

A imagem de alegria e de realização do piloto brasileiro Felipe Massa, vencedor, no domingo(22), do Grande Prêmiom da França de Fórmula 1, encheu de positividade o fim de semana do brasileiro que, a cada dia que passa, vê a sua rotina, no Brasil, mais e mais povoada de sangue, violência, banalização da morte e estresse imensurável.

Foi como uma “pausa para reflexão”. Nada mais salutar do que ver aquele garoto, que não tem mais nada de garoto - é o Sr. Massa, marido da Dona Rafaela e respeitado profissional em uma das carreiras mais exigentes e difíceis do planeta – dar mais uma lição de superação aos “abutres” da imprensa marrom, que se interessam apenas pelo fracasso do brasileiro e que, há quatro corridas já o estavam “demitindo” da Ferrari.

Massa é líder do mundial. A primeira vez que isso acontece a um piloto brasileiro desde Ayrton Senna, em 1993.

Massa venceu o GP da Franca. A primeira vez que isso acontece desde a década de 80, quando Nélson Piquet ganhou a prova que ainda era disputada no Autódromo de Paul Ricard. Em Magny Cfours, nunca um brasileiro havia subido ao lugar mais alto do pódio.

Nada disso será suficiente para que os “aza-
rões” que levaram anos perseguindo Rubens Barrichello, se afastem de Massa. Talvez lhe dêem uma trégua e passem a torturar a cabeça, teoricamente mais frágil neste momento, que é do jovem Nélson Piquet Jr.

Tudo bem que Nelsinho não teve um início de temporada alentador. Mas também não se podia esperar muito das Renault. Comparar o Nelsinho de 2008 ao Hamilton de 2007 é de uma covardia e ignorância totais. Hamilton, sem dúvida, extremamente talentoso, estava a bordo de uma McLaren. Infinitamente mais carro do que os Renault.

Pois bem, Nelsinho começou a dar a “volta por cima” em Magny Cours, com um sétimo lugar com sabor de vitória, por ter sido conquistado com uma ultrapassagem no final da prova sobre seu companheiro de equipe, o bi-campeão Fernando Alonso.

De volta a Massa, o que mais me impressiona no paulista são sua humildade e transparência. Não foi a primeira vez que, em momento de euforia, a mesma mídia coveira se encheu de alegria para, apressadamente, festejá-lo com o rótulo de “novo Senna’.
Rápido no gatilho, como sempre é, Massa foi logo colocando as coisas nos seus devidos lugares. “Não gosto de fazer comparações. Senna e Piquet são ícones, eu sou muito pequenininho em relação a eles”.

Ou seja, jogou um “balde de água fria” em que tentava capitalizar em cima de sua justificada alegria.
A Globo vem usando o “tema do Ayrton Senna” para celebrar as vitórias de Massa. Tem gente, como eu, que se sente um pouco incomodado com essa referência tão forte. É impossível não projetar a imagem de Senna ao ouvir aquela música.

Está no fundo de corações e mentes de milhões de brasileiros que passaram a amar a Fórmula 1 – mais ainda do que amavam com Fittipaldi e Piquet - em função do fenomenal talento e sedutor carisma de Ayrton.

Não me parece justo. Afinal, compositor bom é o que não falta e seria mais do que justo livrar Massa e quem quer que seja dessa “forçada de barra” que serve apenas para comover parte da platéia, mas que, no fundo, não leva mesmo a nada de positivo.

A resposta, Massa vem dando na pista. Foi assim quando entrou na Ferrari em 2006, meio que “pela porta dos fundos” e desafiando uma “fila” de pretendentes que “secaram” o brasileiro até a morte. Ele resistiu e viu naquele mesmo ano chegar sua primeira vitória.

No ano seguinte, quando a famosa “mídia-abutre” colocava-o como “natural segundo piloto” de Raikkonen, mesmo tendo azares incríveis, venceu três vezes, fez um ótimo campeonato e foi ele quem, por generosidade e respeito às regras da equipe, “cedeu” a vitória no GP Brasil de 2008 a Raikkonen, que só assim pôde comemorar o título inédito em sua carreira.

Espera-se o mesmo de Raikkonen casos as posições se invertam no final desta temporada.
É bom ver Massa competir, lutar e se impor como ser humano no, cada vez mais, desumano mundo da F-1.
Ele é um brasileiro do bem, no sentido mais amplo da palavra, e um brasileiro vencedor, com todas as letras.

E aumenta mais ainda nossa satisfação, vê-lo desmentir, uma a uma, as “ararutas” que tentam, há anos, tratá-lo como “inconseqüente”, “irresponsável”, etc.
A gente se sente “vingado” contra esse tipo de atutude, infelizmente, cada vez mais comum na mídia, especialmente, aquela que vive, unicamente, em função dos índices de audiência. De uma audiência que está sendo direcionada a se deliciar com a tragédia, o negativo, a derrota.