Agora que é definitivamente o candidato do Partido
Republicano para a eleição presidencial de novembro nos EUA, John McCain
enfrenta um enorme desafio: desmentir a história recente e conseguir um terceiro mandato consecutivo para seu partido.
McCain venceu as primárias de terça-feira em Texas, Ohio, Rhode Island e
Vermont, completando assim uma surpreendente recuperação, já que há seis meses sua candidatura estava morta.
Já se voltando para a eleição geral de 4 de novembro, o senador pelo Arizona prometeu no discurso de vitória na noite de terça uma campanha "respeitosa, determinada e convincente".
"Nossa campanha deve ser, e será, mais do que outro cansado debate de falsas promessas, discursos vazios ou discussões inúteis sobre o passado que não atendem à preocupação de um só norte-americano com relação à segurança de sua família", disse.
Nos últimos 50 anos, só uma vez um partido conseguiu três mandatos presidenciais consecutivos nos EUA - os republicanos Ronald Reagan (1981-89) e George H. Bush (1989-93).
E neste ano o apelo por mudanças é ainda maior: a economia dos EUA está em
apuros, os norte-americanos estão cansados da guerra do Iraque, e o presidente George W. Bush tem níveis baixíssimos de popularidade.
Os democratas, que ainda precisam escolher seu candidato entre Barack Obama e Hillary Clinton, tentam mostrar que representaria um "terceiro mandato" de Bush.
Mas as pesquisas mostram que o senador é competitivo contra qualquer adversário da oposição, e vários analistas acham que ele pode vencer, ajudado por seu apelo além da ala conservadora dos republicanos, já que é capaz de atrair também moderados e independentes.
"Os republicanos quase por acidente escolheram o seu único candidato que poderia com sorte chegar à vitória", disse Larry Sabato, diretor do Centro para a Política da Universidade da Virgínia.
"Será muito duro. Será uma vitória apertada, se houver, e tudo terá que
transcorrer inteiramente bem para que McCain vença", ressalvou.
Os republicanos admitem que os democratas têm neste ano mais dinheiro e
entusiasmo, além de dois candidatos fortes, mas acreditam que McCain agora terá tempo para unir o partido e reduzir a diferença.
APOIO DE BUSH
Um passo importante será dado na quarta-feira, quando ele vai à Casa Branca receber o apoio de Bush. O senador e o presidente nem sempre se entendem bem, mas McCain já disse que ficará honrado com o apoio de Bush.
"O papel de Bush deve ser o de arrecadador-chefe de toda a chapa republicana.
Ele não precisa ser uma atração fixa da campanha de McCain, mas precisa ajudar a reforçar os cofres", disse o estrategista republicano Scott Reed.
Charlie Back, assessor do candidato, acha que McCain vai se beneficiar com a prolongada disputa entre Obama e Hillary pela candidatura democrata.
"Acho que teremos o luxo de um foco total sobre a eleição geral a partir de amanhã. Isso poderia nos dar alguma vantagem no uso do nosso tempo", afirmou.
McCain, de 71 anos, é o candidato com mais experiência em questões de segurança nacional. Passou mais de cinco anos como preso de guerra no Vietnã, e décadas depois presidiu a Comissão de Serviços Armados do Senado.
Mas seu apoio à guerra do Iraque deve lhe render ataques. Em seu discurso de vitória, McCain disse que o próximo presidente precisará explicar como seria possível promover "a conclusão mais breve possível" da guerra sem agravar a instabilidade no Iraque e no Oriente Médio como um todo.
Reed disse que McCain poderia se contrapor a Obama, por exemplo, simplesmente apontando as mesmas dúvidas a respeito dele que Hillary sugeria no recente anúncio em que perguntava quem o eleitor preferia que atendesse ao telefone de madrugada na Casa Branca em caso de crise internacional.
"Sou mais otimista do que nunca, porque os democratas estão se destruindo. E tudo o que precisamos fazer se Obama for o indicado é transmitir o anúncio de Hillary e acrescentar um aviso de que ele foi pago pelo Comitê Nacional Republicano. Não é muito mais complicado do que isso," afirmou Reed.

