Meirelles defende juros altos, apesar de deflação

Por Gazeta Admininstrator

O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, disse que apesar da deflação de maio - de 0,22% pelo IGPM - ainda não é hora de reduzir as taxas de juros.
"É preciso estar atento à tendência da inflação, mas no longo prazo e não apenas num mês e temos que esperar para ver se esse resultado vai se refletir no IPC(Índice de Preços ao Consumidor)", afirmou.

Quando perguntado sobre as queixas dos empresários sobre os juros altos, Meirelles respondeu: "A função do líder empresarial é reclamar. Eu fui líder empresarial e sei como é", respondeu, entre risos.

Henrique Meirelles está na capital argentina, Buenso Aires, participando de seminário sobre política monetária e crescimento econômico, na sede do Banco Central da Argentina.

Na sua palestra, ele explicou que as taxas de juros reais no Brasil ainda são altas, mas vêm caindo desde a estabilidade da economia, em 1994, frente à inflação. "Elas ainda estão num patamar muito alto, mas vamos conseguir que continue nesse ritmo de cadência para os próximos anos, se mantivermos a disciplina e a política sólida", disse.

Sem 'mágica'

Segundo ele, todos "queremos" juros mais baixos, inflação menor, crescimento econômico e mais exportações. Mas para isso é preciso "trabalhar sério e duro" para conseguir esses objetivos.

"Não adianta abreviar caminhos usando mágica e piruetas que já não deram bons resultados no passado". Para Meirelles, as últimas crises políticas no governo brasileiro não afetam a saúde da economia.

Segundo ele, a disciplina fiscal e medidas como o cumprimento das metas inflacionárias adotadas no Brasil funcionam como uma âncora de prevenção e proteção contra crises internas e externas.

"John Taylor (ex-sub-secretário do Tesouro) até citou o Brasil como exemplo de sucesso de aplicação das metas de inflação", disse. Taylor falou, no mesmo seminário, horas antes que Meirelles.

O presidente da autoridade monetária brasileira também destacou que, apesar da queda do dólar no Brasil, não mudará a política de câmbio flutuante. "Essa é nossa
política cambial e mostra bons resultados que incluem o crescimento das exportações", disse.

China

Meirelles volta a Brasília nessa terça-feira pela manhã, após ter participado do encontro no qual questões monetárias e cambiais foram destaque, assim como a economia da China - citada em diferentes palestras e definida como "estável" por Xiang Jumbo, do Banco da China.

"Não há dúvida de que o povo da China paga um preço alto pela manutenção daquela taxa de câmbio, através de uma acumulação de reservas acima do necessário. Isso custa a qualquer país e também à China", afirmou Meirelles.

"Evidentemente, o povo chinês está, no momento, não só enfrentando esse custo, mas há uma decisão do governo de pagar por ele. A questão a saber é até quando vai ser possível isso e qual será o custo de transição e, claro, não compete a nós, brasileiros, decidir isso pelos chineses."