Melhorando a concentração

Por Gazeta Admininstrator

Muitas vezes as crianças tornam-se agitadas porque o ambiente em que vivem não favorece que sejam tranqüilas. Sons altos, televisão ligada o dia todo, irmãos chorando querendo brincar, falta de espaço próprio para estudar ou um cantinho para ler.

Trabalhar a concentração nem
sempre é coisa fácil.

Algumas crianças têm mais facilidade em se concentrar, pois trazem em seu DNA características herdadas de seus pais como ser calmo, paciente, persistente, etc.

É importante que a família seja organizada com os filhos, desde a mais nova idade, proporcionando um ambiente calmo para seu crescimento, pois essa ordem os ajudará a crescer mais tranquilos.

À medida em que eles crescem, os pais podem colaborar mais ainda com o desenvolvimento de uma boa concentração.

Assistir a filmes e desenhos animados ao lado do filho, brincar de jogo da memória dentro da faixa etária da criança, desenhar, ensinar-lhes jogos de tabuleiro como dama e xadrez, quebra-cabeças e jogos de montar, são formas de incentivar a concentração das crianças.

Sem falar das histórias contadas em cima de almofadas e tapetes, que favorecem um ótimo relaxamento, ou mesmo na cama, na hora de dormir.
Procure sempre conversar olhando nos olhos do seu filho, prestando atenção nas coisas que ele fala. Esta é uma forma dele descobrir o quanto é importante e gostoso dar e receber atenção. É bom lembrar que as crianças que não recebem cuidados adequados tendem a ser mais agitadas como forma de chamar a atenção dos pais.

A família deve ficar atenta aos momentos de concentração das crianças e estimulá-los. Evite interromper uma leitura chamando-o para sair, não mude o canal da televisão quando o filho estiver concentrado assistindo a seu desenho predileto, não faça barulho no momento das tarefas escolares, nem deixe ligados rádios e televisores, e ajude-o a montar um quebra-cabeça, caso esteja com dificuldade.

Dessa forma a criança irá se tornando tranquila, percebendo que é respeitada nas coisas que faz e que seus pais estão sempre dispostos a ajudá-la quando precisa.

Televisão
As crianças que assistem a mais de duas horas de televisão ao dia, enquanto cursam a escola primária, têm mais dificuldades de concentração ao chegar ao ensino secundário do que aquelas que assistem pouco à TV. É isso que demonstra o primeiro grande estudo que analisou os efeitos de longo prazo do abuso de televisão na infância sobre a capacidade de atenção.

“Nosso estudo sugere que os pais deveriam tomar medidas para limitar o número de horas que seus filhos passam diante da televisão”, declarou Bob Hancox, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, o diretor do estudo, em uma mensagem de e-mail.

De acordo com os resultados, publicados pela revista médica Pediatrics, as crianças que veem menos de duas horas diárias de TV na infância não ampliam o risco de sofrer distúrbios de atenção na adolescência. Mas, a partir da terceira hora, o risco se amplia em 44% para cada hora adicional que elas passem diante da TV ao dia. “Os efeitos foram especialmente perceptíveis em crianças que assistiam a mais de três horas diárias de TV”, enfatiza Hancox.

Na Espanha, as crianças de seis a sete anos veem uma média, de duas horas de TV ao dia, mas cerca de 36% delas assistem a mais de quatro horas diárias, de acordo com estudo apresentado no ano passado pela Associação Espanhola de Pediatria.

O estudo da Universidade de Otago se baseou em 1.037 crianças examinadas a cada dois anos, dos cinco aos 15 anos, como parte de uma ambiciosa pesquisa sobre o desenvolvimento e saúde infantis. Entre outras perguntas, os pais e as crianças foram convidados a informar quanto tempo dedicavam à TV a cada dia.

Para avaliar se sofriam de qualquer deficiência de atenção, as crianças, seus pais e professores tiveram de responder se conseguiam se manter atentas por apenas um período curto, se sua capacidade de concentração era baixa ou se terminavam por se distrair facilmente. Entre as perguntas feitas, por exemplo, estava “quando alguém fala com você, é difícil prestar atenção?”, “você frequentemente começa a fazer suas lições mas não as termina?”, “é difícil fazer lição se há ruídos, ou algum tipo de atividade no mesmo quarto?”.

Estudos anteriores haviam detectado que o abuso de televisão na infância gerava problemas de deficiência de atenção para as crianças na escola primária. Mas não havia um estudo de grande porte que analisasse se esses problemas perdurariam na adolescência, até agora. “Nossos resultados indicam que os efeitos da televisão sobre a capacidade de atenção são duradouros”, diz Hancox. Esses efeitos de longo prazo foram confirmados em jovens que reduziram suas horas de televisão ao chegar ao ensino secundário, mas mantiveram os problemas causados pelo abuso de televisão na infância.

Os pesquisadores alertam contra o costume de algumas famílias de manter as TVs ligadas para deixar as crianças tranquilas, por exemplo, durante o café da manhã. “Aconselharia a esses pais que reduzam as horas de TV”, declarou Hancox. “Afinal, as crianças conseguiram achar formas de se entreter, por milhares de anos, antes que a televisão fosse inventada”.

O estudo não analisou os efeitos dos videogames e computadores sobre o comportamento das crianças e adolescentes porque a coleta de dados foi iniciada antes que essas novas formas de entretenimento atingissem o auge. Mas os pesquisadores consideram que seus efeitos possam ser semelhantes aos da TV, o que aponta que o limite de horas diário deve ser aplicado a todas as formas de entretenimento audiovisual, somadas. Assim, se uma criança dedica uma hora a um videogame, não é aconselhável que assista TV por mais de uma hora diária.

Os dados do estudo não esclarecem de que maneira o excesso de TV afeta a capacidade de atenção, mas os pesquisadores apontam para diversas hipóteses. A que apresentam como mais provável é que as imagens televisivas, com seus estímulos constantes, podem fazer com que a vida real pareça monótona, em comparação, de modo que as crianças tendem a se aborrecer com atividades de ritmo mais lento, como assistir a aulas ou fazer suas lições. Outra possível explicação é que o cérebro infantil, ainda em formação, se desenvolva de maneira inadequada caso seja estimulado em excesso pela rápida sucessão de imagens dos programas de TV.

Recomendações
Depois de revisar os resultados dos estudos científicos que alertam sobre os efeitos adversos do uso excessivo de televisão sobre a saúde das crianças e adolescentes, a Associação Norte-Americana de Pediatria aprovou as seguintes recomendações aos pais:

- Limite de duas horas: o tempo que as crianças dedicam a entretenimento audiovisual, incluindo computadores e videogames, além da TV, não deve exceder “uma ou duas horas ao dia”, ainda que se trate de programação de qualidade.

- Sem TV no quarto: pediatras recomendam “eliminar os aparelhos de TV dos quartos das crianças”.

Nada de TV para menores de 2 anos: convém “evitar que crianças com menos de dois anos assistam a TV e estimular atividades mais interativas que promovam desenvolvimento cerebral adequado, como falar, cantar, brincar ou ler”.
Fiscalizar os programas: os pais deveriam “fiscalizar os problemas assistidos pelas crianças e adolescentes” e estimular a escolha de programas educativos e de boa qualidade que não favoreçam o conteúdo violento.

Assistir a TV em família: assistir a programas com as crianças é melhor para a educação delas do que deixá-las sozinhas diante da TV.
Comentar o conteúdo: pediatras recomendam aproveitar o conteúdo da TV como ponto de partida para falar de valores de família, comportamento violento, sexualidade e drogas.

Procurar alternativas: os pais estão na melhor situação para estimular entretenimentos alternativos, como, entre outros, ler, realizar atividades físicas, pintar ou praticar jogos criativos.

Concentração se aprende?
Sim, pode-se ajudar a treinar. A primeira preocupação deve ser com o ambiente. Barulho, falta ou excesso de luz e televisão ligada podem atrapalhar quando a criança está lendo um livro, por exemplo. É preciso garantir o silêncio.

A concentração pode ser estimulada com os brinquedos também. Aqueles que emitem apenas sons não desenvolvem a atenção, porque não permitem que sejam desvendados. O quebra-cabeças, ao contrário, estimula a concentração. “Você tem de oferecer objetos que façam com que a criança permaneça descobrindo”, diz Rosane Moderno Schiller, psicóloga da área de educação infantil do Colégio Santo Américo.

E há diversos momentos do dia-a-dia em que esse treino pode continuar. “Quando os pais dão informações curtas e bem explicadas, a criança as memoriza e a atenção fica focada naquilo. Para se concentrar, ela precisa de organização. Quando não estiver em casa, faça combinados e deixe em um quadro, com horários”, diz Sílvia Amaral, psicopedagoga, coordenadora da Elipse Clínica Multidisciplinar. Excesso de atividades ou superestimulação podem atrapalhar a concentração. Não lote demais a agenda do seu filho.

Resumindo:
Invista em brinquedos que estimulem a concentração da criança, como quebra-cabeças e brinquedos de montar.

Mantenha o ambiente em que a criança está tranquilo, com poucos estímulos, quando ela se dedicar a uma só atividade.

Converse olhando nos olhos do seu filho, preste atenção. Com isso, ele vai aprender a dar prioridade para as pessoas e descobrir como é legal dar e receber atenção.