Menino Maluquinho chega a Miami

Por Gazeta Admininstrator

Jornalista, escritor, chargista, caricaturista, teatrólogo, cartazista e pintor, esse brasileiro de Caratinga, em Minas Gerais, é, entre outras tantas coisas, autor de títulos consagrados mundialmente como “O Menino Maluquinho”, um dos maiores fenômenos editoriais brasileiros. Seus livros já foram traduzidos para inúmeros idiomas como inglês, espanhol, alemão, francês, italiano e basco.
Ziraldo ajudou a construir a história do jornalismo brasileiro e da resistência aos anos difíceis da ditadura, entre 1964 e 1984, lançando com outros humoristas o jornal não-conformista “Pasquim”. Suas charges e caricaturas foram publicadas nas revistas gráficas mais respeitadas do mundo, como a Graphis. Ziraldo é o “pai” da primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um único autor, “A turma do Saci Pererê”.
Esse brasileiro é, entre tantas coisas, um apaixonado pelo livro. Em 1979 ele publicou “O Planeta Lilás”, um poema de amor ao livro que mostra que, por maior que seja o universo, ele sempre caberá nas páginas de um livro. E é esse amor ao livros que Ziraldo ensina a adultos e crianças por onde quer que vá, pessoalmente ou através de seus trabalhos.
Em entrevista ao Gazeta Brazilian News Ziraldo falou da satisfação de trazer à comunidade brasileira nos EUA um pouquinho do Brasil, e reafirmou sua fé em nosso País.

Gazeta - A partir de quando a sua obra estará disponível aqui nos EUA?
Ziraldo - Já a partir da feira de Miami.
Gazeta - Por que só agora você está entrando no mercado norte-americano com lançamento em português?
Ziraldo - A minha editora (Melhoramentos) vem tentando há alguns anos e só agora conseguimos este acordo com a Lectorum, para distribuição em todo país. Antes alguns poucos distribuidores na Florida e Califórnia, tinham meus livros, fora a Amazon.
Gazeta - Você tem planos de lançar aqui seus livros também em inglês?
Ziraldo - Sim, já estamos negociando com a Lectorum e sua acionista, a Scholastic, a possibilidade de livros em inglês. Provavelmente o primeiro será Flicts.
Gazeta - Criança é criança em qualquer lugar do mundo ou o mercado dos EUA é mais exigente?
Ziraldo - Criança é criança em qualquer lugar do mundo. Os editores americanos é que são mais exigentes e rigorosos com o que publicam . Os autores brasileiros, em relação a seus editores, têm mais liberdade de criar. Em conseqüência disto, acredito que o conjunto da literatura que se faz para crianças no Brasil é mais criativo e mais original.
Gazeta -Foi necessária alguma adaptação?
Ziraldo - Em algumas das ilustrações, sim. Tivemos que fazer algumas adaptações ao gosto de um público diferente do público brasileiro que já esta acostumado com meu estilo de desenhar. No Brasil as crianças já reconhecem meu desenho e basta que vejam um livro novo para dizer: Este é um livro do Ziraldo. No exterior eu ainda vou ter que conquistar os meus meninos.
Gazeta - Esta será a primeira vez que o Brasil terá um pavilhão na Feira Internacional do Livro em Miami. Que frutos essa presença pode render, ou que semente ela pode plantar, na sua opinião?
Ziraldo - Principalmente mostrar aos brasileiros em Miami que sua cultura é disponível nos Estados Unidos. Acredito que é uma boa iniciativa para manter valores e laços culturais dos que imigraram.
Gazeta - Que perfil de público brasileiro você espera encontrar desta vez nos EUA?
Ziraldo - Como te disse acima, criança é criança. Espero encontrar um monte de Meninos Maluquinhos que falem as três línguas que estão sendo faladas nesta feira.
Gazeta - Existe toda uma geração de filhos de imigrantes brasileiros que há muito perdeu, ou nunca teve, contato real com a cultura brasileira. Qual é o melhor caminho para resgatar esses laços culturais com o Brasil, na sua opinião?
Ziraldo - Eu acho que o governo brasileiro deveria estar mais atento para isto. Os franceses, por exemplo, fazem questão de trabalhar a francofonia em todos os países por onde andaram e andam pelo mundo. Roosevelt dizia com relação à produção cultural americana: “Aonde vão nossos filmes, vão nossos produtos”. O governo poderia investir num projeto que dissesse ao resto do continente , incluindo os EUA : aonde vão nossos músicos, nossos cantores, nossos autores e artistas, vai a imagem de um Brasil muito maior e mais surpreendente do que eles podem imaginar. E isto seria fantástico para os nossos planos de conquista do mundo. ( risos...)
Gazeta - A internet, nesse aspecto, é uma aliada, uma inimiga, ou joga dos dois lados?
Ziraldo - É uma aliada, a Internet coloca o mundo (e o Brasil) em sua casa.
Gazeta - Como você analisa a situação da distribuição e divulgação da literatura brasileira no exterior, de maneira geral, e em particular aqui nos EUA?