Mesmo sabendo dos riscos, brasileiros continuam atravessando a fronteira

Por Marisa Arruda Barbosa

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professora de inglês Najla Salem, de 43 anos, de Volta Redonda (RJ), desde que ela parou de dar notícias no dia 1º de fevereiro.

Najla teria pago $20 mil dólares a um agenciador de coiotes em Minas Gerais. Ela tentava atravessar a fronteira dos EUA com o México, na região desértica do Texas, com um grupo.

No último telefonema ao namorado, um brasileiro que vive em Nova York, a fluminense dizia que já estava em solo americano e se preparava para uma caminhada de 20 quilômetros. Relatos dados pela família da professora à imprensa brasileira, dão conta de que o namorado recebeu um telefonema dias depois dizendo que Najla teria morrido. As hipóteres seriam de que ela teria sofrido uma parada cardíaca ou foi morta porque um dos agencidadores não teria passado o valor combinado ao guia.

Preço da travessia Há 15 anos, o carioca Mesaque Bastos, de 43 anos, fez a travessia do deserto em um tempo em que, segundo ele, “poucos brasileiros se arriscavam”. Ele foi guiado por conhecidos de um patrão e conta que caminhou por nove horas no deserto, sobre as dunas de areia.

“Éramos quatro pessoas, dois homens e duas mulheres. Foi uma travessia tranquila,

[caption id="attachment_81889" align="alignleft" width="225"] Mesaque Bastos, de 43 anos, fez a travessia há 15 anos e hoje vive em Orlando.[/caption]

mas com temor, pois passar pelas dunas de areia à noite é muito perigoso, devido aos buracos que as cobras fazem. Se pisasse num desses buracos, com certeza seria mordido”, conta ele, que hoje vive em Orlando e ainda não conseguiu se legalizar.

“Um fato curioso que aconteceu na viagem foi que comprei um pacote de água pra todos e o rapaz que estava encarregado de levar, acabou deixando dentro do taxi que nos levou até a entrada do deserto de areia”.

Mesaque diz que foi um milagre que o salvou: “Eu tinha um tubo de pasta de dente no meu bolso, e comecei a chupá-la. Foi provisão de Deus, porque como eu ia carregar uma pasta de dente no bolso? Mas consegui atravessar sem problema de imigração, pois eu acho que não era tão vigiado como hoje”.

Mesaque relata que na época de sua travessia, no ano 2000, pagou $2.500 dólares para coiotes. Ele afirma que não se arrepende de ter feito a travessia, mas que hoje não faria de novo.

“Eu consegui ajudar meus pais e minha filha no Brasil, desde que cheguei aqui”, avalia o carioca, que trabalha em construção civil. “Mas digo uma coisa: não faça a travessia, pois vidas são perdidas ali o tempo todo. As pessoas que estão na fronteira são más e estão ali para sequestrar e matar pessoas”.

Com informações da “Veja”.