Método Montessori: Educar no seu sentido original e mais bonito

Por Adriana Tanese Nogueira

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O método de ensino Montessori leva a sério o sentido da palavra EDUCAR. Verbo que vem do latim EDUCERE, composto pela partícula “e” significando “da, de, fora” e do verbo “ducare, ducere” para “conduzir, trazer para fora o que está dentro”. Assim, “educar” significa ajudar, com disciplina apropriada, a por para atuar e desenvolver as boas inclinações do espírito e as potencialidades da mente. A educação então serve para apreender, expressar e desenvolver qualidades e competências (ainda) não expressas.

Para Maria Montessori (1870-1952), educar não é um episódio da vida, um momento no espaço e tempo, mas uma forma de se relacionar com a criança para orientá-la nas muitas expressões que a vida requer. Nada a ver com mera “transmissão de cultura” (ou de regras!), mas com uma atenção e consideração pelo indivíduo, um olhar sensível e ajuizado sobre o outro no intuito de, levando em consideração sua realidade subjetiva, sua fase de desenvolvimento bio-psico-social e seu contexto, ajudando a encontrar suas respostas para os desafios que a vida lhe oferece. Respostas estas responsáveis. Responsabilidade é uma maravilhosa e difícil palavra que significa: saber dar resposta apropriadas. Nem toda ótima resposta é apropriada. Uma “resposta apropriada” significa saber discernir o que cabe, o que funciona, o que irá melhor expressar a solução que condiz com o real.

Quem não conhece o sabor da satisfação de ter dominado um desafio? Quem não conhece aquele sentimento íntimo de orgulho por ter conseguido? Conseguido o quê? Não importa. Para cada um, um desafio é um desafio. Saber valorizar o individual e este aprendizado interno, este processo de autoafirmação diante das dificuldades que a vida (ou melhor, nossa ignorância) coloca traz autoestima, autoconfiança e positividade. Como dizia Montessori, “um dos testes que define se o processo educacional está correto é a felicidade da criança”.

Quantas crianças hoje são felizes nas escolas? Vejo crianças que são consideradas e se consideram “felizes” porque estão numa roda-viva de “diversão”, ou seja, de distrações, de muitas atividades, de muitos amigos, de muitos estímulos – o que basicamente serve para “passar o tempo”, para ocupá-las (e desocupar os pais). Funciona para tirá-las de dentro de si, afastá-las do que realmente sentem e precisam, e para oferecer a todos a ilusão de que “está tudo bem”. Mas não está. E a prova é que quando chega o momento de, de fato, aprender alguma coisa e de demonstrar o aprendizado (as boas maneiras, o respeito, a atenção), elas “não conseguem ficar paradas ou quietas”. Por que será?

Elas não foram educadas, falta-lhes a experiência do que é estar consigo quebrando a cabeça em cima de um desafio, aprendendo consigo próprias – graças ao amparo do adulto preparado – a resolver problemas, o que significa aprender, descobrir as respostas apropriadas para cada situação. São crianças que não têm autonomia, que não foram instrumentalizadas a interagir de forma competente com o real, pois viveram num mundo de fantasia.

O método de ensino Montessori é uma luz nas trevas do ensino tradicional. Luz acolhedora, apaziguadora, criativa, centradora, promotora de crianças equilibradas, responsáveis, atentas, focadas, em paz consigo... Enfim, de bem.

Crianças de bem porque “se possuem”, aprendem a lidar consigo e com a realidade. As aulas Montessori abrangem todas as atividades da vida, desde lavar os pratos a aprender ciência, porque não só de mente (e videogames) somos feitos! Será um acaso que um método tão com os pés no chão, que promove a capacidade da criança de dominar o real para que ela possa, como um ser total, atingir metas elevadas, tenha sido criado por uma mulher?