Miami: médicos acatam pedido em tatuagem “do not resuscitate”

Por Gazeta News

Foto University of Miami - The New England Journal of Medicine
[caption id="attachment_158144" align="alignleft" width="368"] Foto: University of Miami The New England Journal of Medicine.[/caption]

Médicos do Jackson Memorial Hospital em Miami passaram por um conflito ético na última quinta-feira, 30 de novembro, após a entrada de um paciente inconsciente de 70 anos, que chegou ao hospital com problemas de saúde, mas tinha uma tatuagem no peito onde dizia "do not resuscitate” (não ressuscite).

Os médicos ficaram em dúvida sobre acatar ou não o que parecia ser um desejo do homem ou salvar uma vida, principal juramento da profissão. O homem era diabético, com histórico de doenças no coração e no pulmão e continha alto teor de álcool no sangue e acabou falecendo. Antes porém, os médicos entraram em contato com o conselho de ética que recomendou que o "pedido" registrado na pele do paciente fosse acatado, e ele morreu.

Inicialmente, os médicos do Jackson Memorial Hospital decidiram não escolher o caminho irreversível – a morte – diante da incerteza do que deveriam fazer. O homem foi tratado com antibióticos, recebeu fluido por via intravenosa para ressuscitação e foi mantido respirando.

Depois de avaliar a história, os consultores de ética sugeriram aos médicos que o pedido da tatuagem fosse acatado. Um documento foi estruturado com as informações para o Departamento de Saúde da Flórida. Na mesma noite, o estado de saúde do paciente piorou e ele morreu sem interferência dos médicos.

O caso foi publicado no periódico científico "The New England Journal of Medicine"na última quinta-feira, 30. Ementrevista ao jornal "The Washington Post", o médico e principal autor do artigo, Gregory Holt, disse que o homem morava em uma casa de repouso, mas foi encontrado bêbado na rua. Ele não tinha identificação, família ou amigos que poderiam dar mais informações.

"Tínhamos um homem com quem eu não conseguia falar", disse Holt. "Queria conversar com ele para saber se a tatuagem realmente refletia seus desejos para o final da vida".

Caso em 2012

Um caso semelhante aconteceu em 2012, quando umhomem também com uma tatuagem "DNR" ("Do not resuscitate") foi hospitalizado. Ele porém, foi tratado e, quando acordou, contou que realmente preferia ter sido salvo. Ao ser perguntado sobre o motivo da tatuagem, disse que era resultado de uma partida de pôquer que havia perdido, segundo o artigopublicado na época pelo "Journal of General Internal Medicine".