Miami une-se a milhões de brasileiros nas manifestações

Por Marisa Arruda Barbosa

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Apesar do nome do movimento “Passe Livre” ter origem nos preços das passagens de ônibus no Brasil, os brasileiros sentiram que é chegada a hora de dar um grande basta em uma lista de problemas que a população brasileira enfrenta. E isso não é só para o brasileiro que vive no Brasil. Os emigrantes brasileiros, acompanhados por simpatizantes, se reuniram em pelo menos 25 países e quase 70 cidades pelo mundo, de acordo com o site grunz.com.br, que monitora os eventos criados no site de mídia social Facebook.

Miami fez parte desse movimento. E foi também através da criação de um evento no Facebook chamado “Democracia não tem fronteiras – Sul da Flórida” que a notícia se espalhou rapidamente. De 1.119 pessoas confirmadas, os organizadores Bruno Contipelli e Debora Rosen acreditam que cerca de 500 pessoas compareceram à manifestação no centro de Miami, em frente ao Bayside, na tarde do dia 18 de junho.

“O grupo do Facebook foi aberto na tarde de segunda-feira (dia 17) à tarde e na terça-feira de manhã já tínhamos 600 pessoas confirmadas”, disse Debora. “Foi na segunda-feira de manhã que eu confirmei o evento, quando Debora conseguiu tirar uma autorização na polícia para fazer a manifestação”, disse Bruno.

Debora, que não tinha nenhuma experiência na organização de manifestações, disse que começou a ver no Facebook as pessoas expressando a vontade de se manifestarem. Foi aí que teve a ideia de organizar o evento.

“Não deu trabalho, mas foi tenso”, reflete Debora. “Eu tirei uma autorização somente para 30 pessoas. Quando vi que o número de pessoas estava aumentando para 300, 600 e chegou a mais de mil eu fiquei preocupada”.

Mas Debora disse que não houve nenhum tipo de incidente e policiais permaneceram o tempo todo em volta do evento observando. Usando um megafone, Bruno pedia constantemente que as pessoas permanecessem na calçada, longe da rua, que estava movimentada por causa do jogo de basquete do Miami Heat contra San Antonio, que aconteceu no American Airlines Arena. “Na verdade os policiais estavam até curtindo”, disse a brasileira que vive há 12 anos nos Estados Unidos.

“Esse movimento foi criado em solidariedade aos brasileiros no Brasil, sabendo que a gente conhece um pouco dos dois mundos. Eu sempre digo que a gente sofre ainda mais, pois conhecemos a capacidade do Brasil de ser um país de primeiro mundo e não é. A minha geração cresceu acreditando que o Brasil chegaria a primeiro mundo, e até hoje não chegou”, disse Debora.

Bruno, que organizou o Dia do Basta em Miami, no dia 21 de abril em Downtown Miami, e viu uma participação quase mínima, diz que se arrepiou ao ver as manifestações que estão acontecendo por todo o Brasil nos últimos dias e esta de Miami. “Eu estou achando que agora vai ter mudança, pois o governo não vai conseguir lidar com o número crescente de pessoas se manifestando. Ninguém segura esse povo”, disse. “Eu vou fazer 50 anos e desde criança sempre ouvi que o Brasil é um país em desenvolvimento. Isso faz tempo, eu já me desenvolvi, já envelheci e o Brasil ainda está em desenvolvimento”, brinca.

“O problema do Brasil não é o dólar e nem só a infraestrutura, mas sim os políticos corruptos e essa é a razão pela qual o Brasil não funciona”, reflete Debora.