Michelle Obama

Por Gazeta Admininstrator

Pra começo de assunto, quero declarar que não sou dos mais entusiasmados pelas atuais opções que tem o eleitorado norte-americano para suceder o catastrófico George W. Bush. Temo até que – Deus queira que não – ainda venhamos nos recordar com saudade de alguns momentos e aspectos dos bizarros oito anos em que a dupla Bush-Cheyney goverou os Estados Unidos e, admitamos, de certa forma, “controlou” o mundo.

Mas, o homem é um animal político e fica difícil não tomar partido ou, pelo menos, estabelecer parâmetros de preferência na atual “corrida” entre Barack Obama e John McCain. A primeira coisa que me ocorre é que, se você “esquecer” que Obama é o candidato democrata e McCain o Republiano, vai encontrar variados momentos em que um poderia ser o outro.

A determinação em não desagradar a 1 eleitor que seja é tão desagradavelmente clara em ambas as campanhas, que chega-se à conclusão que o “reformista” Obama e o “militarista” McCain seriam mesmo farinha do mesmo saco politiqueiro de Washington. Não que sejam más pessoas ou não mereçam postular a presidência. Mas, é que nesse momento tão delicado de uma humanidade na encruzilhada de catástrofes energéticas, ecológicas, políticas e sociais, o mundo precisaria de um líder mais genuíno, verdadeiro, real. Menos preocupado em ficar “bem no filme” 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa liderança ainda é e continuará sendo ocupada, por algum tempo, pelo Presidente dos Estados Unidos. A formidável potência na qual vivemos, com milhões de erros, mas, admitamos, bilhões de acertos, ainda está distante de perder o trono das decisões mundiais. A China já fez sua festa e levou suas medalhas. Mas no mundo real, os Estados Unidos seguem sendo os donos da bola e precisando como nunca de um presidente que seja mais inteligente, ousado, inclusivo, reformista mesmo. Universalista mesmo. Globalizado em benefício de todo o Globo e não ape-nas do Globo formado pelas corporações americanas.

Não sei se Obama seria esse líder. Mesmo que tenha capacidade intelectual e força de vontade, ele tem diante de síio desafio brutal de “vergar” a espinha racista de uma nação cheia de leis contra a discriminação, mas que discrimina a tudo e a todos, compartimentiza tudo e todos e, no fundo, odeia miscigenação. Provar que é um presidente de todos e para todos será uma das mais complicadas tarefas se Obama vencer, porque para erradicar a pobreza que assola a América, ele terá que criar programas específicos para as comunidades negras e latinas, à custa de impostos que são pagos majoritariamente por brancos. Complicada questão.

Aí eu assisto o discuro de Michele Obama, no primeiro dia da Convenção Democrata e me surpreendo torcendo para que essa interessante, curiosa, e intrigante mulher venha a ocupar um lugar que, até hoje, com raríssimas exceções, foi ocupado por primeiras-damas dondocas, passivas e cujo ofício-mor é fazer (ou fingir que faz) caridade.

O papel da mulher na humanidade tem que ser igual. Exatamente igual em direitos porque já é desigual, em natureza, que os homens. Michelle Obama é uma profissional de sucesso, uma mulher de trabalho e inteligência. Uma mãe dedicada que parece exemplificar de uma forma inédita o modelo de mulher moderna não afetada pela ambição de provar que, sendo mulher bem sucedida, pode ser “mais” ou “melhor” que os homens.

Seu discurso foi um show de elegância, firmeza, eloquência e consistência. Uma mulher real, com quem, imagino, se possa sentar e conversar sobre qualquer assunto:intolerância racial, precário sistema de saúde, intervenções militares nos assuntos dos outros países, casamento gay. Dela exala a segurança de que, mesmo que não domine em detalhes o tema do momento, tem extensão intelectual e brilho próprio para desfilar suas próprias idéias.
Engraçado. Agora me vejo torcendo para uma vitória de Obama, muito mais para ver Michelle na posição de Primeira-Dama.

Nada contra a evidente dondoquice da mulher de McCain. A mulher-perua-socia-laite tem seu lugar no mundo e não serei eu o jogador de pedras nem julgador das opções de vida de cada um. Mas ter uma Primeira-Dama que represente de fato a mulher de hoje é um progresso em si. Por mais que os tablóides tentem mostrar uma imagem diferente do povo em geral, há muito mais gente interessada nas idéias e nos valores de uma mulher como Michelle Obama do que interessada nas fofocas e detalhes banais da vida social de uma primeira-dama banal.