Militar brasileiro é ferido em tiroteio no Haiti

Por Gazeta Admininstrator

Um militar do contingente brasileiro da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) foi ferido num tiroteio em Cité Soleil, uma favela na periferia norte da capital haitiana, controlada por grupos armados partidários do ex-presidente Jean Bertrand Aristide. O incidente ressalta os riscos e dificuldades da missão de paz no país mais pobre das Américas, liderada pelo Brasil e ampliada na quarta-feira pela ONU.

O porta-voz da missão Damien Cardona disse por telefone ao GLOBO ONLINE que o militar não corre risco de morte, o que foi mais tarde confirmado pelo comando do Exército, em Brasília. O primeiro tenente Nelson Dias Leoni, que chegou no início deste mês ao Haiti, levou um tiro no ombro, na altura da axila esquerda.

- O incidente ocorreu à tarde. O brasileiro foi atingido no ombro e está fora de perigo. Primeiro, ele foi socorrido em um hospital local e logo depois transferido para um hospital em Santo Domingo - detalhou o porta-voz Cardona.

O tenente passou por uma cirurgia no hospital do contingente argentino da Minustah em Porto Príncipe e outra, em Santo Domingo.

"Apesar de o estado de saúde do tenente Nelson Dias Leoni exigir cuidados especiais, ele não corre risco de vida e está em recuperação, devendo ficar em observação no Hospital da República Dominicana por 72 horas", informou o Centro de Comunicação do Exército.

Segundo agências internacionais de notícias, o incidente ocorreu no âmbito uma operação "pontual" de uma unidade brasileira de cascos-azuis, não de uma ampla operação conjunta da unidade militar e da polícia civil internacional da Minustah e da polícia do Haiti, como se noticiou de início.

A nota do Exército brasileiro afirma que o militar foi ferido no tiroteio com as gangues por volta das 15h, quando retornava de um patrulhamento. O carro que transportava um pelotão foi alvejado e um dos disparos atingiu o tenente. O tenente chegara ao Haiti há menos de um mês, vindo do 26º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista, na cidade do Rio de Janeiro.

Um comunicado divulgado na quinta-feira pela Minustah diz que um importante dispositivo de segurança foi estabelecido na capital haitiana para fazer frente à situação de violência e insegurança e boa parte das tropas estava mobilizada nesta operação.

O tiroteio de que o brasileiro saiu ferido não foi a única mostra ao longo do dia da grave situação em que o país está mergulhado. No fim da noite de quarta-feira, foi relatado um intenso tiroteio próximo ao palácio presidencial, no momento que o presidente interino Boniface Alexander discursava em uma cerimônia de nomeação de quatro novos membros do gabinete.

Não está claro se os atiradores tinham o palácio como alvo, mas os tiros criaram pânico do lado de fora do prédio. A cerimônia continuou, e as tropas da força de paz não revidaram os tiros.

O Haiti vive uma grave crise política e de segurança desde que Aristide, pressionado por uma revolta popular armada, partiu para o exílio, em fevereiro de 2004.

Pelo menos 780 pessoas morreram devido a violência no Haiti desde setembro do ano passado. Além disso, desde março, o país vive uma onda de seqüestros por dinheiro.

No dia 16 de junho, dois soldados peruanos da Minustah foram feridos, um deles gravemente, durante um tiroteio em Cité Soleil.