Mineiro de 21 anos é preso após travessia na fronteira EUA-Canadá

Por Gazeta Admininstrator

O mineiro de Belo Horizonte, Danilo Assunção, 21, está preso no Estado de New York desde o dia 10 de novembro deste ano, após tentativa de entrar ilegalmente nos Estados Unidos pela fronteira com o Canadá.

Vivendo em Danbury desde 1999 juntamente com a família, Danilo embarcou para o Brasil no dia 21 de dezembro do ano passado, com planos de voltar aos Estados Unidos três meses depois.

Em Março deste ano, de volta em companhia do pai Jurandir Assunção, Danilo passou pela barreira de agentes federais e chegou a entrar no país, mas foi procurado por policiais quando ainda estava no aeroporto, porque seu pai fora barrado na alfândega em New York.

Dez minutos depois, policiais federais apresentaram uma lista com todos os dados de Danilo Assunção incluindo lugares onde trabalhou, período da permanência anterior nos Estados Unidos, endereço residencial e até informação de que ele havia concluído o curso da High School de Danbury. A conclusão deste cenário foi a deportação de ambos; pai e filho voltaram para o Brasil no mesmo dia.

No último mês de setembro, Danilo resolveu que iria para o Canadá através de um intercâmbio de curso de Inglês, onde permaneceu por aproximadamente um mês, com objetivo de concluir as aulas e depois seguir viagem com destino aos Estados Unidos, através da fronteira entre os dois países.

Tudo arranjado para a travessia, e a informação de que um veículo estaria esperando por ele e outros companheiros de viagem, incluindo um casal de hispânicos que viajava com um bebê, um brasileiro de 53 anos, e uma senhora, cujo esposo já se encontrava em território americano.

A rota incluía a passagem por uma plantação de milho numa fazenda na fronteira e depois um veículo os recolheria com destino aos Estados Unidos.“Eles viram o carro”, disse Michelle Platz, namorada de Danilo; “mas como não estava parado no lugar que havia sido combinado, eles ficaram com medo”. O motorista do veículo que transportaria o grupo avistou-os a distância e resolveu fazer uma manobra para aproximar-se e recolhê-los, mas foi parado por um oficial de imigração e foi preso.
“Quando o carro chegou, o Danilo percebeu que o motorista era um homem muito branco”, disse Michelle; “ porque ele não parecia ser des-cendente de hispânicos, mas ainda assim, considerou que ele poderia ser da Costa Rica, pois falava espanhol com perfeição”, continuou.

O motorista recolheu o grupo e passou pela fronteira, realizando o objetivo daquelas cinco pessoas que, de novo, estavam em território americano.“Todos eles comemoraram dentro do carro”, contou Michelle. “Eles estavam felizes porque tudo tinha dado certo”, e o motorista orientou o grupo a se esconder porque iriam passar por um prédio da imigração em alguns segundos.

Enquanto abaixados no interior do veículo, o motorista fez uma volta e entrou na garagem de um edifício que era a central do departamento de imigração da localidade onde se encontravam e ali todos receberam voz de prisão. “Havia muitos policiais à espera deles”, afirmou Michelle. “Armas e até helicóptero estava sobrevoando a área, e o motorista então tirou o “crachá”, identificando-se como um oficial da fronteira”.

Preso, o mineiro teve direito a fazer dois telefonemas e enquanto ligava para o Brasil para avisar a família o que havia acontecido, uma pessoa no Canadá, imaginando que todos haviam passado com segurança, ligava para a família de Michelle em Danbury, informando que tudo estava bem. “Na hora que o meu pai ligou para o Brasil para falar com a família de Danilo e avisar que tudo estava bem, foi que recebemos a notícia de que ele já havia feito contato informando que estava preso”, disse.

O desencontro de informações gerou dúvidas, mas a ligação de Danilo para a namorada confirmou o fato de que estava detido em Forth Edward ao norte do Estado de New York. Como prisioneiro comum, atuação de advogados de imigração é impossível.

Um advogado de defesa oferecido pelo Estado auxiliou na primeira sessão da Corte em Forth Edward mas o brasileiro está detido numa cadeia que não está relacionada com infração de leis migratórias, o que gera dúvidas quanto ao tratamento legal que tem recebido perante a justiça norte-americana, porque não foi estabe-lecido valor de fiança para sua liberdade.

Há suspeitas de que poderia permanecer detido pelo período de até dois anos por ser reincidente na infração que cometeu, mas o fato é que Danilo Assunção voltou para o Brasil sob ordem de deportação em dezembro do ano passado, mas estava entrando no país com visto e passaporte legais, o que significa não ter tentado vias ilegais em circunstâncias anteriores.

Presos, os membros do grupo que tentavam a passagem pela divisa com o Canadá, juntamente com Danilo, permaneceram numa cela isolada durante 4 dias, sem acesso à higiene pessoal e sob condições precárias, até que passassem por um exame médico para a confirmação de que não eram portadores de doenças.

Michelle afirma que o namorado tem sido bem tratado, recebe boa alimentação e tem acesso ao dinheiro enviado pela família para comprar alimentos que complementem as três refeições diárias que recebe, embora sinta frio durante a noite porque não tem permissão para receber um cobertor que poderia ser levado para agasalhá-lo.
“Ele tenta mostrar o lado bom de tudo isso e ainda disse que esta experiência de vida o fará ainda mais forte; mas nós sabemos que ele está triste e, que como qualquer pessoa do bem, não ficaria feliz em permanecer numa prisão “, disse Michelle, quando perguntamos a ela como Danilo tem enfrentado esta situação de incerteza.

Na última segunda-feira, 13 de dezembro, uma nova convocação perante a Corte de Fort Edward estava confirmada e a família tinha esperanças de que uma fiança fosse estabelecida para a libertação do brasileiro, especialmente porque a prisão onde Danilo está detido, a “Washington County Jeal”, está com superlotação.
“Procuramos por advogados”, disse Michelle “mas eles dizem que nada pode ser feito neste caso, porque ele não está preso pela imigração; está numa cadeia de presos comuns e, por isso, não pode ser ajudado”, afirmou.

Os pais de Danilo, Iris e Jurandir Assunção, estão no Brasil e acompanham os acontecimentos através de informações fornecidas por Michelle e sua família, que todos os sábados viajam por aproximadamente 4 horas para chegar à cidade onde está detido.

Um contato feito com o Consulado Brasileiro em New York não apresentou resultados até o momento; “Liguei e falei com uma moça; expliquei a situação dele. Ela me disse uma série de coisas que não estavam relacionadas à conduta de Danilo, porque ele não é um criminoso. Esta pessoa disse que iria verificar o caso e que nos telefonaria de volta, só que isso nunca aconteceu”, disse Michele Platz ao fim da entrevista.

Segundo informações de Tereza Costa, funcionária do consulado responsável pela relação com a comunidade brasileira, o caso de Daniel está sendo acompanhado de perto pelo consulado. Tereza disse que a fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá está sendo duramente vigiada pela polícia norte-americana, devido ao fato de que o número de pessoas que tentam entrar ilegalmente, ter aumentado vertiginosamente nos últimos anos.

(Matéria transcrita sob autorização do Comunidade News)