Morte de brasileiro põe em xeque política britânica

Por Gazeta Admininstrator

A morte do brasileiro Jean Charles de Menezes coloca em dúvida a política antiterrorista da polícia britânica de "atirar para matar", assinalou nesta quarta-feira Harriet Wistrich, advogada da família do jovem. "Estão colocadas muitas dúvidas sérias sobre a política de atirar para matar e é necessário fazer perguntas urgentes sobre se essa política tem que continuar em vigor", disse Wistrich à BBC. Os policiais podem recorrer à política antiterrorista de atirar para matar somente em situações extremas de segurança e para proteger a população.

A advogada fez estas declarações após a revelação de que Jean, de 27 anos, estava sentado em um vagão do metrô, não fugia da polícia nem saltou as roletas da estação quando os agentes o mataram, após confundi-lo com um terrorista suicida em julho passado.

Segundo Wistrich, os policiais não tinham razões para pensar que se tratava de um terrorista suicida apenas um acaso o fato de o brasileiro residir em um edifício vigiado pela polícia. "Ele não estava com uma mochila. Só usava uma jaqueta texana. Era necessário atirar nele? Não havia sinal de que estivesse a ponto de cometer um atentado suicida", acrescentou.

A advogada insistiu que a família de Menezes sempre insistiu que se tratou de um erro e que o jovem era inocente. "Foi uma infelicidade que vivesse em um edifício que era vigiado e que fosse um pouco moreno", ressaltou.

A rede de televisão ITV mostrou ontem à noite documentos da investigação feita pela Comissão Independente de Investigação de Queixas à Polícia (CIIQ) sobre a morte do jovem eletricista brasileiro. De acordo com documentos, Jean Charles não fez nada que motivasse sua execução em um trem na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres, em 22 de julho, um dia depois dos atentados fracassados contra a rede de transporte da capital britânica.