A morte de brasileiros no exterior e o traslado do corpo
Com mais de um milhão de brasileiros morando nos Estados Unidos, é comum ver nas comunidades e em grupos em redes sociais sobre mortes de brasileiros e as campanhas que são feitas para arrecadar dinheiro para o traslado do corpo ao Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores registrou 1.353 óbitos de brasileiros residentes no exterior em 2013, resultando numa média de 3,7 mortes por dia e 112 por mês.
De acordo com o Itamaraty, a tendência é que o número de óbitos aumente nos próximos anos. “É esperado um aumento, tendo em vista que a imigração está crescente e que os brasileiros que imigraram nos anos 80 estão começando a entrar na faixa dos 60, 70 anos, então vamos ter uma população de idosos no exterior”, explica a diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior do MRE, ministra Luiza Lopes.
Segundo estatísticas do Itamaraty, nos Estados Unidos é registrada, em média, a morte de um brasileiro por dia. O registro acontece quando a família possui conhecimento sobre o procedimento e busca o registro de óbito junto ao Consulado.
Na maioria dos casos, fica difícil tomar atitude sobre quais procedimentos devem sem feitos para resolver sobre documentação para liberação do corpo, funeral e, o mais importante, o traslado do corpo ou das cinzas para o Brasil.
Resolver os trâmites burocráticos de liberação de corpo e envio do mesmo para a terra natal não é tão simples, por isso, um grupo formado por três jovens se especializou em consultoria de repatriação funerária e fundou - em parceria com uma antiga empresa americana a PADREF (Paz Divina Repatriação Funerária) - empresa localizada em Boston (MA), voltada à comunidade brasileira, com parceiros em vários estados americanos, que auxilia em planos funerários, além de repatriação e também com a prestação de serviços jurídicos e financeiros para brasileiros nos Estados Unidos.
A PADREF Group possui mais de quatro mil agentes nos Estados Unidos e escritórios na Europa e no Brasil. Atendendo em português, francês e espanhol, um dos serviços mais requisitados em que atua a PADREF é o transporte póstumo internacional, “que sempre existiu, mas de forma não muito esclarecedora para os imigrantes”, menciona Érika Prado, diretora de comunicação do grupo.
Para aquisição dos planos, não há restrições. “Todo cidadão brasileiro, independentemente de sua condição migratória, idade e crédito tem acesso aos planos”, salienta Tiago.
Desde a documentação para a liberação do corpo até o serviço funeral no exterior e traslado para o Brasil, os serviços inclusos nos planos têm o custo de menos de $1 dólar por dia, com parcela fixa mensal de $25 dólares. “A PADREF ainda investe o que não for utilizado na melhoria da qualidade de vida da comunidade, através de organizações. Esse é o nosso diferencial”, destaca Tiago Prado, um dos sócios.
“O foco da empresa é auxiliar os brasileiros que vivem no exterior em um dos pontos que, infelizmente, poucos estão preparados ou pensam a respeito – a morte. Resolvemos a parte burocrática junto aos hospitais, embaixadas e aduaneiras”, menciona Tiago.
Em média, a empresa assessora de duas a quatro famílias por mês nos Estados Unidos. “Temos parceiros que trasladam cerca de 10 corpos por mês”, destaca.
A falta de conhecimento das famílias brasileiras sobre os procedimentos quando ocorre um óbito, em geral, fez com que a empresa conquistasse o mercado e hoje é referência no ramo. “Muitos buscam nossos serviços e ficam agradecidos porque entendemos como é importante para o brasileiro ter um peso a menos para se preocupar em um momento difícil”, pondera.
Dentre os documentos necessários para o transporte de um corpo para o Brasil, Erika cita o certificado de óbito, certificado de embalsamento, certificado de doenças não-transmissíveis e a permissão para o transporte – retirados junto a órgãos do governo do condado ou do estado. “Cuidamos de toda essa parte e assessoramos as famílias na obtenção desses documentos, que precisam ser apostilados (documentados conforme uma norma internacional)”, explica.
O mineiro Luciano de Cássio Oliveira, 42 anos, mora em Boston há um ano, onde trabalha como pedreiro e há quatro meses precisou dos serviços da empresa para o traslado do corpo do sobrinho Jeferson Eduardo de Oliveira, 20 anos, encontrado sem vida na fronteira do México com os Estados Unidos.
“Foi uma tragédia que abalou toda a família e eles cuidaram desde a liberação do corpo no México até o envio para o Brasil. Como a família é de Sobrália, no interior de Minas Gerais, e não tinha condições de viajar para acompanhar todo o processo, eles resolveram tudo, foram um anjo para nós”, declara.
Oliveira conta que os gastos com a empresa ficaram em torno de $10 mil dólares, mas a ajuda do dinheiro arrecadado em campanha na internet aliviou a família e ajudou a pagar todo o serviço.
Outra brasileira que precisou da assessoria e serviços da empresa foi a baiana Laís Lopes. Ela conta que precisou do serviço para o transporte do corpo do tio, que faleceu em Los Angeles, e a família aguardava para realizar o funeral e enterro em Salvador. “A PADREF é uma excelente empresa e foi tudo pra mim no momento mais complicado. Meu tio morreu e não havia ninguém da família lá para resolver. Eles cuidaram de tudo e entraram em contato todo dia para atualizar sobre a vinda do corpo. Foram excelentes”, ressaltou.
De acordo com o Consulado Geral do Brasil em Miami, não há previsão orçamentária legal para a União arcar com os custos relativos a traslado de corpos ou traslado de cinzas do exterior para o Brasil. Segundo o órgão, tais despesas, assim como a de sepultamento local, devem correr por conta da família do falecido ou de terceiros.
Contato Site: www.padref.com Telefone: +1 844-972-3733..
