Morte de Fidel Castro: Esquerda latino-americana perde seu último “mito”

Por Daniel Galvão

Morto aos 90 anos, Fidel Castro foi o último dos chamados ‘mitos’ do século 20 que saíram de cena da política internacional. O ‘comandante-en-jefe’, que teve a história marcada por promessas não cumpridas enquanto líder da revolução cubana e manteve o sistema político e econômico com mão de ferro por 50 anos na ilha, deixa um legado duvidoso.

Entretanto, a morte de Fidel abre, agora, uma nova discussão no cenário político mundial: qual será o futuro da esquerda na América Latina? Sem Castro e Hugo Chaves (falecido em 2013, vítima de um câncer) e com a perda de poder no Brasil, com o impeachment de Dilma (PT), a necessidade de uma reinvenção é cada vez mais urgente.

Contudo, a esquerda na América Latina carece fundamentalmente de duas coisas: novas lideranças que, a exemplo de Chaves, Lula e Castro, magnetizem multidões; e ainda de uma nova roupagem para o velho discurso de igualdade, desgastado pela pobreza dos países liderados pelos socialistas nas últimas décadas e os sucessivos escândalos de corrupção.

A vitória de Donald Trump, nos EUA, também reforça a perda de espaço da esquerda e a retomada de força da direita conservadora como tendência. Aliás, o novo presidente americano anunciou esta semana que pode por fim ao recém acordo firmado entre Barack Obama e Raúl Castro, caso o governo da ilha não dê mais passos em direção aos interesses (sobretudo, comerciais) dos Estados Unidos.