Morte em Winter Park: família aguarda autópsia e polícia descarta crime de ódio

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_127739" align="alignleft" width="275"] A família descarta crime por vingança ou ódio e aguarda autópsia para confirmar a causa da morte do adolescente. Foto: ReproduçãoFacebook.[/caption]

Ainda está sob investigação a morte do gaúcho, Roger Thomé Trindade, de 15 anos, agredido por um grupo de jovens no no Park Avenue, em Winter Park, cidade localizada próximo a Orlando, por volta das 10pm do último sábado, 15 de outubro.

Em entrevista coletiva realizada na tarde do dia 18, o chefe do Departamento de Polícia de Winter Park, Michael Deal, descartou “racismo ou crime de ódio” no episódio. Deal afirmou que os suspeitos foram identificados como sendo alunos da mesma escola onde estudava a vítima, a Winter Park High School.

Na tarde de quarta, 19, foi realizada a primeira perícia que, segundo a família, indicou uma lesão na coluna devido a uma possível agressão ou queda, o que pode ter causado um aneurisma. Será realizada uma segunda perícia, agora no cérebro, e o resultado pode demorar até oito semanas.

Após o ocorrido, o adolescente foi levado ao hospital onde foi mantido com vida por aparelhos, que foram desligados na noite de segunda-feira, 17. A morte foi confirmada oficialmente na terça, 18, e a família optou pela doação de órgãos – três foram doados.

A agressão Ao GAZETA, a irmã de Roger, Laura Thomé, contou que o adolescente foi agredido, mas não espancado até a morte como tem sido divulgado. “O amigo do meu irmão, que também sofreu alguns hematomas no queixo e na cabeça, contou que eram cinco meninos muito maiores e mais fortes que eles e tudo aconteceu muito rápido. Acho que assim que os meninos viram que meu irmão caiu desacordado, saíram correndo. O amigo não sabe dizer o que aconteceu ao certo porque, segundo ele, quando começaram a levar socos, ele tentou se defender, colocando as mãos no rosto e, quando olhou pro lado, meu irmão já estava caído inconsciente”.

O amigo ainda contou à família que os dois e mais duas meninas, todos brasileiros, estavam sentados no chafariz da parte central do parque quando dois meninos se aproximaram e borrifaram um spray com cheiro de esgoto no Roger, que de imediato não reagiu e ficou olhando para os garotos sem entender. “O menino borrifou novamente o spray e correu. Foi então que Roger correu atrás dos meninos, e o amigo foi atrás. Eles chegaram a um lugar escuro no parque, quando surgiram mais três meninos, que começaram a agredir os dois. Eles não conheciam os meninos e não tinham ligação nenhuma com eles”, relatou. A família, assim como a polícia, não acredita em crime proposital. “Os meninos que fizeram isso nem o conheciam. Não foi acerto de contas, nem nada do tipo. Meu irmão era muito tranquilo”, diz Laura.

Mais segurança Roger, que era natural de Novo Hamburgo (RS), mudou-se com os pais, Adriana e Rodrigo Stumpf Trindade, para a Flórida no início deste ano, devido a uma transfência do pai. “Meu pai havia sido transferido no início do ano, meu irmão estava muito feliz, porque aqui tinha muita liberdade, ao contrário do Brasil, onde ele passava o tempo todo trancado em casa, no computador”, lembra a irmã. Laura, que continua morando no Rio Grande do Sul, mas viajou para Flórida assim que soube do ocorrido com o irmão, conta que o sentimento de insegurança em relação ao irmão tinha ficado para trás. “Quando ele estava aqui, eu me sentia muito aliviada. Achei que ele tivesse seguro e agora acontece isso”, desabafa. O adolescente é descrito pelos amigos, tanto do Brasil quanto da Flórida, como um garoto tranquilo, simpático, inteligente e divertido.

Campanha Os amigos do pai da vítima criaram uma campanha online para ajudar com as despesas do hospital, do traslado do corpo para o Brasil e funeral. Para colaborar, clique aqui.