Movimentos Brasileiros

Por Gazeta Admininstrator

O grupo Brazz Dance Theater apresenta nos dias 11 e 12 de fevereiro às 2 da tarde no campus da Federal International University (FIU), em Miami, o espetáculo “In Light of Rhythm. Nascido no Brasil, mais precisamente em Salvador, na Bahia, região de maior influência africana no Brasil, o grupo começou em 1998 e em 2001 tornou-se reconhecido como entidade cultural sem fins lucrativos. Estreou em Miami em 2004.
O diretor artístico e fundador do grupo, Augusto Soledad, oriundo da escola de dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), atualmente mestrado em Fine Arts pela State University of New York e professor de dança moderna e afro-brasileira na Florida Internacional University , define o trabalho do grupo como uma Afro-fusão, que mistura a linguagem da dança contemporânea com influências brasileiras.
A coreografia principal do espetáculo, chamada Altares consiste em um “mergu-lho na espiritualidade afro-brasileira”, como define Soledad que se utiliza de elementos da universalidade humana para estabelecer a narrativa, em uma apresentação de puro movimento. “O que tento explorar são idéias de espiritualidade e entidades divinas como Orixás, e todo fluxo de energia nas cerimônias das religiões Afro-brasileiras, mostrando o que é preparar-se corporalmente para receber a incorporação de energia divina, e como isso afeta o seu entendimento divino”, detalha o dançarino.
O Brazz Dance Theatre mistura influências, linguagens e culturas diferentes criando um espetáculo inovador aos olhos de qualquer público, mas mantendo elementos de forte presença da cultura brasileira, com toques de universalidade clássica. “O que acho interessante é que toda essa exploração da espiritualidade afro-brasileira é contrastado com a música de Bach. Pense em uma cerimônia de Candomblé ao som de Bach”, ilustra Soledad.
In Light of Rhythm apresenta também seu lado rítmico, que dá nome ao projeto, com um duo de dança e percussão, que explora a relação de música e dança na tradição afro-brasileira e suas variantes. “Tem o dançarino dançando sem música, a música dançando sem o dançarino, a música interfe-rindo nos movimentos do dançarino e dançarino interferindo vocalmente na música. É uma exploração profunda”, relada o diretor do grupo.
A história afro-americana também integra o espetáculo com o solo de Mathias Santiago, que veio para Miami apenas para esta apresentação, ao som de Strange Fruit, canção que fala do linchamento dos negros americanos, que eram pendurados nas árvores, justificando o título de “estranho fruto”. A coeografia, explica o diretor, é contrastada com movimentos sensuais e “ondulatórios”, numa forma de crítica ao que qualifica como absurdo histórico. “Acredito que minhas danças buscam sempre universalidade. Se fosse falar o que essencialmente esse trabalho traduz, diria que é um histórico das relações humanas, traduz uma visão de mundo que transcendo os limites dessa ou daquela cultura”, define.
O grupo é integrado ainda pelos dançarinos Anne Morris, William Brown e Hana Reynolds. O University Park Campus da FIU fica na 11200 SW 8th Street, em Miami.