Muçulmana é multada por uso do véu na França

Por Gazeta News

A primeira pessoa a ser condenada pela Justiça francesa por usar o niqab, um véu que deixa apenas os olhos à mostra, diz “ser insultada todos os dias” ao caminhar pelas ruas com o rosto coberto. O uso da vestimenta em locais públicos foi proibido por lei na França desde abril passado. “São insultos pessoais ou contra os muçulmanos. Normalmente, as pessoas gritam grosserias pelas janelas dos carros ou esperam que eu me distancie delas nas calçadas para me ofender”, contou a francesa muçulmana Hind Ahmas, que afirma não sofrer pressões por parte de membros da família ou homens muçulmanos para cobrir o rosto.

A França é o primeiro país europeu a aplicar a proibição do uso do véu que cobre parcialmente ou totalmente o rosto em qualquer espaço público, como transportes, lojas, parques, escolas e repartições.

Multa

Na semana passada, a Justiça condenou Ahmas, 32 anos, e Najate Naït Ali, 36 anos, a multas de 120 e 80 euros, respectivamente. A multa máxima prevista na lei é de 150 euros. Segundo Ahmas, a lei francesa “viola o direito europeu, que garante a liberdade de convicções religiosas”. Por esse motivo, ela continua usando normalmente o niqab - que deixa apenas os olhos à mostra. “Retirar o niqab significaria renegar minha fé”. Faz quase sete anos que uso o véu integral, muito antes das discussões sobre a lei. Não cubro o rosto por provocação ou porque o assunto está na moda”, diz ela, que mora em Aulnay-sous-Bois, uma periferia pobre de Paris.

Ahmas considera que a condenação na Justiça é “uma excelente notícia porque dá destaque para o assunto e representa o ponto de partida para conseguir a revogação da lei”. Ela já entrou com recurso contra a decisão dada na semana passada e prevê levar o caso à Corte Europeia de Direitos Humanos.

Ahmas criou a associação “Cidadãs da Liberdade” para defender a anulação da lei. Sua amiga Kenza Drider, que usa o niqab e na semana passada anunciou sua candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, também integra a associação.

Mas para se tornar oficialmente candidata, Drider precisará recolher 500 assinaturas de políticos franceses, o que dificilmente deverá ocorrer.