Milhões de crianças estão sofrendo abuso e sendo ignoradas pelo mundo, diz o relatório anual da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), divulgado nesta quarta-feira.
O trabalho fala que milhões de crianças se tornam “invisíveis” todos os anos porque não são registradas ao nascerem.
A organização estima que cerca de 30% do total das crianças nascidas anualmente (ou 50 milhões) não são registradas e acabam engrossando a fila daquelas que são ignoradas e se tornam invisíveis para os seus governos.
O relatório também frisa que não são apenas as crianças sem registro que caem na “invisibilidade”.
O trabalho fala, por exemplo, das vítimas de tráfico infantil – algumas vendidas para exploração sexual – que "desaparecem" da sociedade em geral.
Outras formas “invisibilidade” incluem a vida nas ruas de menores abandonados, que têm negado seu direito a escola e assistência médica.
Mais da metade das crianças na maioria dos países em desenvolvimento – excluindo-se a China – não são registradas ao nascer, e os governos freqüentemente não as levam em conta, afirma a organização.
A Unicef pede que todos os nascimentos sejam registrados e sejam aprovadas novas leis para desencorajar meninas a se casarem porque, diz o relatório, elas têm menos condições de cuidar de seus filhos.
Segundo o relatório, quase 2 milhões de crianças entram na indústria do sexo, 5,7 milhões são vendidas como escravas e 1,2 milhões são alvo de tráfico anualmente.
"Ignoradas"
O relatório "O Estado das Crianças no Mundo 2006: Excluídas e Invisíveis" diz que menores explorados costumam ser ignorados nos debates públicos ou no noticiário.
"O cumprimento dos objetivos de desenvolvimento do milênio depende de atingir crianças vulneráveis em todo o mundo em desenvolvimento", disse a diretora-executiva da Unicef, Ann M. Veneman.
"Não pode haver progresso duradouro se nós continuarmos a ignorar as crianças mais necessitadas – as mais pobres e vulneráveis, as exploradas e que sofreram abuso."
"O tráfico de crianças precisa ser encarado como um problema global que não é apenas um problema do mundo em desenvolvimento... porque a demanda costuma vir do mundo desenvolvido", disse Veneman.
"As recomendações no relatório deste ano deixam claro especialmente que não são apenas governos que estão envolvidos aqui. A sociedade civil tem um enorme papel a desempenhar, comunidades têm um enorme papel a desempenhar", disse o autor do relatório da Unicef, David Anthony.