Não entrar em trabalho de parto - Pais e Filhos

Por Adriana Tanese Nogueira

gravida

“Prezadas Amigas do Parto,

Tive conhecimento do site nos últimos dias, pesquisando na net sobre parto natural. Sou gestante com 37 semanas, já tenho um filho de 2 anos e meio que nasceu de cesárea com 41 semanas. Não houve nenhum problema, só não entrei em trabalho de parto... daí, uma cesárea que eu não queria... Agora, estou desesperada por orientação de como alcançar um parto normal. Minha obstetra é a mesma que acompanhou a minha primeira gestação. Não conheço outro profissional que atenda meu plano de saúde... e que pudesse me ajudar. A esta altura, já estou disposta a pagar até uma consulta para ter orientação, se houver alguma coisa que eu possa fazer para favorecer as condições do parto normal.

Aguardo. Ansiosamente, Patrícia”

Patrícia, vou lhe indicar o nome de uma obstetra-parteira. Chamo de parteira alguém que sabe acompanhar um parto sem ter que usar tecnologia e intervir desnecessariamente.

Agora, veja bem, precisa que você entenda o que aconteceu em seu primeiro parto. Você diz que “não houve problema nenhum”, só “não entrou em trabalho de parto”. Isso é um problema, mas não no sentido fisiológico. Pensa bem, como é que uma mulher fica sem entrar em trabalho de parto? Ela está grávida, tem um bebê dentro de si, prontinho para sair. Ele está apertado lá dentro. Bebês saem, quando na hora certa, e isso a milhões de anos. É um roteiro cravado em cada célula de nosso corpo de mãe e no corpo de todo bebê. O que significa, então, que não se entra em trabalho de parto?

Se, como tanto se fala, o parto é um evento fisiológico, ele ocorre fora da vontade humana. Da mesma forma, respiramos, digerimos e defecamos sem termos que decidir sobre cada um desses fenômenos. Porém, como somos humanos e falamos de um parto real e não abstrato, respirar, digerir e defecar podem ser comprometidos se houver tensão, medo e estresse. Isso significa que as nossas emoções jogam um papel importante. O mesmo vale para o parto. Quantas emoções um parto traz e até amplifica? Quantas delas são conscientes? Quantas são trabalhadas e integradas?

Vejo muitas mulheres que “não entram em trabalho de parto”, como se isso foi uma coisa normal, possível de acontecer. É normal sim, quando se está assustada e insegura. É normal não entrar em trabalho de parto quando há algo que desestabiliza. Um animal é capaz de interromper o trabalho de parto se sentir perigo. Inteligentemente, ela vai parir em outro lugar, num lugar seguro.

É importante, portanto, que você entenda o que aconteceu no primeiro parto, porque só compreendendo a história não a repetimos. Você disse que está com a mesma obstetra e busca desesperadamente outra. Parece que percebeu que ela deve ser, pelo menos em parte, responsável pela sua cesárea não quista.

De fato, medo e insegurança são reforçados por um pré-natal feito com uma obstetra que tem uma alta taxa de cesáreas e que, consequentemente: 1) não sabe acompanhar um parto natural; 2) não acredita na capacidade feminina de dar à luz, tendo uma ideia equivocada do processo.

Não basta, porém, encontrar uma obstetra bacana, porque não é ela que vai parir. Quem vai fazer o parto é você. Por isso, precisa que você compreenda seu parto anterior para fazer um novo de forma diferente. Há muitos artigos e assuntos no site para você ler e amadurecer, pesquise.

Qualquer coisa, estou à disposição. Um abraço.

*Adriana Tanese Nogueira Educadora Perinatal

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