Não há mal que sempre dure...

Por Gazeta Admininstrator

O mundo está assistindo uma das mais intensas ondas revolucionárias das últimas décadas, representada pelo “efeito dominó” que se espalha pelas nações árabes do Oriente Médio e África.

Décadas de ditaduras militares ou imperiais, baseadas nas doutrinas mais anti-democráticas e repressivas que se tem notícia nos tempos modernos, levaram as populações da Tunísia, Egito, Qatar, Yemen e agora a sangrenta Líbia, ao ponto de, literalmente “independência ou morte”.

Não há nenhum exagero em afirmar que as palavras eternizadas no grito do Ipiranga, pelo Imperador Dom Pedro I e que oficialmente signifiou o rompimento do Brasil com a Casa Real Portuguesa, em 1822, cabem como uma luva, quase 300 anos depois, para exemplificar a atitude com a qual as multidões demonstram sua ira contra tiranos sanguinários, corruptos, inimigos de suas próprias pátrias.

Quem vive em um país democrático e onde a Justiça, mesmo com suas grandes falhas, funciona e é o bastião da nação, deve refletir sempre e mais do que nunca no privilégio que é viver sob tais condições.

E mesmo no Brasil, onde a convivência com a democracia ainda é bastante recente (menos de três décadas) e ainda não se possa exaltar a probidade nem a excelência da Justiça, há que se reconhecer como é bom sentir-se em um país onde muitas e inalienáveis garantias e direitos individuais, são respeita-dos. Graças a Deus, estamos muito distantes dos horrores da ditadura. Já conhecemos isso.

Nada mais feroz do que um povo que se sente traído, renegado, massacrado por censura e repressão, condenado a um papel figurativo sob as botas de dinastias históricas ou impostas na ponta da faca. A Líbia, do lunático Muammar al-Gaddafi talvez seja um exemplo maior que todos, pelo altíssimo grau de crueldade e medievalismo que o “coronel da morte” impôs e segue impondo a seus “súditos” mundo afora.

Comparar Gaddafi com Hitler é bem apropriado.
Nunca é demais lembrar que o regime de Gaddafi se celebrizou pela promoção do terrorismo, responsável direto (mas nunca formalmente acusado pelos “políticos” tribunais internacionais), pelo atentado que derrubou o Boeing 747 da Pan-Am na região escocesa de Lockerbee, matando mais de 220 pessoas inocentes. Até assessores do próprio ditador líbio confirmam que partiu dele a ordem para derrubar o avião.

Ficou impune e quando foi severamente ameaçado por bloqueios econômicos e sanções internacionais, protagonizou um bisonho “teatro de arrependimento”, suficiente para acalmar seus inimigos e ganhando com isso até certa “simpatia” do governo do Presidente Bush, nos 8 anos em que esteve no poder.

Gaddafi sempre foi um dos maiores e mais loucos assassinos no poder, entre as nações mais reprimidas e dominadas à base do lema: “Quem estiver com Gaddafi, sobrevive. Quem estiver contra, morre ou tenta fugir do país”. Sem lei e sem esperança, o povo líbio mergulhou em uma aproximação cada vez maior e indesejável do extremismo islâmico. E esse é mais um terrível desdobramento que a “herança de Gaddafi” vai gerar.

Perto do que estamos testemunhando na Líbia, a queda de Mubarak, no Egito, será para sempre lembrada como uma “derrubada pacífica” de uma ditadura.

Como não têm e nem nunca tiveram nenhum interesse pela Democracia ou qualquer coisa que não fosse o próprio interesse pessoal e loucura imperial, os “ditadores”, coroados ou não, construíram em torno de si a mais perigosa e volátil das situações.

Sem saber dosar o próprio enriquecimento e perpetuação no poder, acreditaram, como só os loucos podem acreditar, que estariam permanentementre protegidos em suas gaiolas de ouro, em função do terror espalhado por suas milícias e exércitos, por sua sistemática aniquilação de qualquer voz discordante, e pela “garantia” que davam às grandes potências mundiais, de que teriam permanentemente o “controle” de suas nações.

Todo esse cenário se torna mais perigoso e com consequências impossíveis de serem detalhadamente previstas, quando se sabe que metade do petróleo consumido pelo mundo é extraído do subsolo das nações que seguem sendo dominados pelo terror.

Mas como se vê, não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.

O presidente do Irã, com seu regime de força e opressão, camuflado de “democracia islâmica”, deve estar roendo as unhas...