Natal: materialismo e valores

Por Gazeta Admininstrator

De repente, em diversas mídias da nossa comunidade, na mídia norte-americana e na mídia hispânica, leio reportagens, matérias especiais e crônicas a respeito do “sabor amargo” na comemoração de um Natal que, em 2007, estaria marcado pela frustrção, decepção ou desencanto.

Curiosamente me veio a vontade de refletir não só sobre esse “clima” de pesar e descontentamento. Decidi escrever sobre isso porque percebi o quão distante está a maioria das pessoas – e, conseqüentemente, a imprensa que reflete geralmente o que a maioria está pensando ou sentindo – do verdadeiro sentido de humanidade e espiritualidade que está implícito no “verdadeiro Natal”.

E afinal, que “verdadeiro Natal” é esse?
Não é, com certeza, o Natal dos shopping centers apinhados de consumidores vorazes, enlouquecidos pela “obrigação” de dar presentes, neurotizados pela “cobrança” em receber presentes.

Muito menos o Natal das comilanças intermináveis (não que eu tenha, pessoalmente, algo contra tais comilanças) e dos banquetes em torno dos quais se reúnem, muitas vezes pessoas atraídas unicamente pela farta e sofisticada “boca livre”.
O verdadeiro Natal está muito além dessas medidas materiais tão fortemente instaladas em nosso modo de ver e viver a vida. O Natal que não é comercializado na TV, que não precisa das milhões de luzinhas piscantes e muito menos ainda do apelo das canções natalinas enjoadamente repetidas “ad infinitum”.

O meu verdadeiro Natal é um Natal de silêncio, paz e reflexão. Um Natal que ce-lebra a mensagem de um homem que nasceu para disseminar a idéia de comunhão, fraternidade, liberdade, tolerância, paz...e amor. Muito amor. Em todos os níveis, sob todas as formas.
Natal é Jesus Cristo.

Tanto quem o vê como um homem Santo ou como um Santo homem, o que importa é a essência na mensagem de sua vida e sua passagem por um mundo que mudou muito materialmente e praticamente nada espiritualmente desde que o Nazareno passou seus 33 anos sobre a face da Terra.
Alguns podem achar surpreendente a demonstração de fé e culto ao exemplo de Cristo.
Isso fica por conta dos que lêem apenas na superfície ou não conseguem mesmo enxergar nada além do nível primitivo.

Não há e nem haverá nunca razões que justifiquem o Natal de desencanto e frustração.
Porque o Natal não tem nada a ver com preencher expectativas de emprego, riqueza, sucesso sexual ou acúmulo de presentes.

Porque o Natal não tem nada a ver com legalidade imigratória, com obtenção de green card, com pagamentos do mortgage ou ganhos nos cassinos.

Quem reduz o Natal a isso está muito distante de poder se beneficiar e se integrar a um círculo de vibrações positivas. De humanidade, humildade, maturidade e sabedoria.

Não tenho a mais ínfima ilusão de que esse meu texto venha a sensibilizar quem quer que seja. Dizem as estatísticas que os jornais são menos lidos em épocas festivas. É natural que muitos dediquem mais tempo à dança e à comilança. Como já disse, nada contra.

Mas me deu uma grande urgência em lembrar à meia dúzia que eventualmente gaste uns minutos lendo esse texto, que o espírito do Natal é de uma grandiosidade cósmica, tão grande quanto muitos universos. Tão pequeno que parece invisível dentro da mais singela caixinha de presente.
O Natal é uma circunstância que me toca de forma muito especial.

Para mim é, e creio que poderia ser para tantos, um grande momento de interiorização e questionamento.

Mas é complicadíssimo concorrer com a féerica dança do consumo.

Afinal, mais do que nunca é preciso cantar e comprar e alegrar a cidade.

Não remo contra a maré, mas me re-servo ao direito de pelo menos fazer minha ínfima parte em nome da paz e do amor humanos e universais.

Parece discurso de hippie ultrapassado. Talvez apenas uma voz anacrônica pregando num deserto de ilusões consumistas.

Não sei. Sinto que em vez de praguejar pelas benesses que o Natal 2007 não te-nham trazido para você, que tal agradecer a Deus por, pelo menos, uma vezinha no ano, nos dar a chance de pensar em alguém que dedicou sua vida ao bem de todos.

Sem egoísmo, sem posses, sem arrogância e sem medo.

Feliz Natal a todos!