Nevasca paralisa Boston e afeta milhares de brasileiros

Por Marisa Arruda Barbosa

foto boston

Depois da tempestade e muita precaução na preparação para o pior, a brasileira Sandra Mendes, que vive em Shrewsbury (MA), conta que viveu a maior das cinco tempestades em seus 19 anos vivendo na região próxima a Boston.

“Aqui, onde moro, já nevou 30 inches, mas graças a Deus não faltou eletricidade. Na região de Boston tem milhares de famílias sem energia”, resume a brasileira, que é de Anápolis, Goiás.

Embora em Nova York as medidas tenham sido consideradas exageradas frente a uma tempestade abaixo das previsões, na região da Nova Inglaterra as previsões corresponderam à realidade. O governo de Massachusetts emitiu alerta na madrugada devido à inundações na costa nordeste, onde ondas gigantes chegam até algumas áreas residenciais.

Em Worcester, a 15 minutos de distância de onde vive Sandra, a nevasca atingiu o recorde de 34.5 inches e, em Boston, foi a sexta maior nevasca, com 23.3 inches de neve, com 14 inches a mais que a média de uma temporada.

Dizem que depois da tempestade vem a calmaria, mas para residentes da região não será bem assim. Sandra e sua família agradecem a Deus por nada de muito grave ter acontecido enquanto se prepara para mais uma tempestade prevista para o fim da semana.

Mais uma vez, Sandra, seu marido, Idam, e a filha, Laís, terão que estocar madeira para a lareira, preparar os geradores e manter a dispensa estocada com alimentos de fácil preparo. “No passado já ficamos quatro dias sem eletricidade, mas alguns amigos ficaram até uma semana. O maior problema de ficar sem energia é o congelamento dos canos, que estouram e causam inundações”.

Nessa área, segundo estimativa do Itamaraty, vivem cerca de 60% da população brasileira residente nos Estados Unidos.

Dias sem trabalhar Alcyone Coelho, que vive em Northborough, região de Boston, está sem trabalhar desde o dia 27. Ela atua no departamento jurídico de um escritório do governo do estado de Massachusetts, tem seus dias pagos e pode ficar com tranquilidade em casa nos dias de tempestade. Mas, para o marido dela, o prejuízo é maior.

“Eu recebo, mas meu marido, por exemplo, não ganhou nada, assim como muitos amigos e a minha sogra, que limpa casas. Quando esse tipo de coisas acontece, muita gente fica sem receber”, relatou a brasileira. “Ainda não sei quantificar o quanto foi o prejuízo por esses dias sem trabalhar, mas é bastante”.

Alcyone também relatou que na área onde vive, felizmente, não houve grandes transtornos a não ser a grande quantidade de neve.

Milhões de pessoas são afetadas Estima-se que aproximadamente 60 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade nos sete estados atingidos: Filadélfia, Nova York, Massachusetts, Connecticut, Maine, Rhode Island e New Jersey, de acordo com a “Reuters” e “CNN”.

Nova York No dia 28, estradas foram reabertas e o transporte público voltou a circular, aliviando medidas de emergência colocadas em prática diante do previsto efeito devastador da tempestade Juno.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou que a neve que caiu na cidade correspondeu somente a uma fração dos 23.6 inches que haviam sido anunciados, o que resultou em críticas à paralisação.

Pelo Twitter, Gary Szatkowski, meteorologista do Serviço Nacional de Previsão do Tempo, desculpou-se pela previsão exagerada. O Aeroporto Internacional de La Guardia registrou somente 11 inches de neve, e o Central Park ficou coberto com apenas 7.8 inches.

Entretanto, os políticos justificaram a decisão de fechar o sistema de transporte público de Nova York diante da chegada da tempestade Juno. “Planeja-se o melhor possível em busca de segurança”, declarou o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, ainda no dia 27. “Não critico os meteorologistas”.

O governador havia proibido a circulação de veículos em estradas de 13 municípios e estipulou uma multa de $300 dólares para os infratores. Os sistemas de metrô e trens na região da cidade de Nova York haviam sido paralisados.

Cancelamento de voos Voos entre o sul da Flórida e Nova York, Boston, Filadélfia, e entre Nova York e Hartford foram os mais afetados pela tempestade de neve nos primeiros dias da semana.

Por causa da tempestade, o Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale cancelou 121 voos e 21 foram atrasados até a tarde do dia 27, disse o porta-voz do aeroporto, Greg Meyer. No Aeroporto Internacional de Palm Beach, 75 voos foram cancelados e três atrasados.

Em Miami, 106 voos foram cancelados e dois atrasados, disse o porta-voz Marc Henderson.

Em todo o país, 7.500 voos foram cancelados e mais de 3.100 foram atrasados nos dias 26 e 27. No dia 28, mesmo com a constatação de que a tempestade foi menos vigorosa que o previsto, companhias aéreas cancelaram outros 500 voos.

Analistas tentam quantificar o prejuízo causado pela tempestade de neve. De acordo com a MasFlight.com, os voos cancelados geraram prejuízos de $10 milhões de dólares para as companhias aéreas.