Nosso corpo não sabe ler as leis dos homens

Por Ivani Manzo

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Existe uma falsa segurança no uso de determinadas drogas porque elas têm a sua venda permitida por lei. Ao mesmo tempo, outras chamadas ilícitas, são tidas como extremamente perigosas. A ideia de que se foi prescrita por um médico não irá fazer mal é um dos maiores enganos da atualidade. Milhares de pessoas iniciam o uso de drogas com o nome de remédio, e nem imaginam que estão correndo mais risco de morte que os usuários de drogas ilícitas. Enquanto eu era professora costumava brincar com meus alunos dizendo que nosso corpo não sabe ler as leis dos homens. Com isso eu queria dizer que por mais que fosse lícito o uso de determinadas drogas, a assinatura de um médico e ela estar listada entre as drogas permitidas, não iria de forma alguma mudar os seus efeitos no nosso corpo. Remédios como Rivotril, Valium Xanax são exemplos de um grupo de fármacos chamados benzodiazepínicos e estes têm efeitos colaterais sempre, sendo permitidos ou não por lei. Para entender melhor basta ser feito o seguinte raciocínio. Na Holanda e em alguns estados daqui dos Estados Unidos, a maconha é permitida, em outros países e em outros estados não é. Você acha que os efeitos da maconha são diferentes em lugares diferentes? Ou a diferença é apenas a lei humana? O efeito no organismo é o mesmo, esteja este organismo onde estiver. E para comprovar o que eu estou dizendo há um estudo1 que comprova que os usuários de drogas ilícitas como a cocaína e a heroína morrem menos que os usuários dessas drogas prescritas por médicos. Os usuários de benzodiazepínicos morrem cerca de 1,86 vezes mais que os usuários de drogas. E esse índice permanece alto, mesmo quando outros fatores são levados em consideração, como uso de drogas ilícitas e comportamento de risco. E pode piorar, não existem estudos que comprovam a segurança do uso desses medicamentos por longo tempo e nem que podem ser prescritos para uso por tempo indeterminado. A própria classe médica alerta que deveria existir mais critério para a prescrição desses medicamentos e que terapias alternativas deveriam ser inicialmente testadas antes da introdução dos famosos “calmantes”. Enquanto a busca da cura das enfermidades estiver baseada em um pílula, estaremos muito longe da saúde.