Mais um brasileiro morre em prisão nos EUA

Por Gazeta Admininstrator

Documentos do advogado distrital do condado de Essex confirmam a morte de um brasileiro que foi acometido por uma doença ainda não identificada enquanto estava detido pela polícia de Andover.

O reparador de telhados de Framingham, Maxsuel Medeiros, de 25 anos, estava sentado no banco do carona quando o seu carro foi parado pela polícia estadual por causa de uma pequena infração de trânsito ocorrida na Rota Interestadual 495 Sul, às 17h20 da sexta-feira, 31 de agosto.

A polícia disse que tinha conhecimento de várias identidades fornecidas por Medeiros, incluindo Maxeel Campos e Maxwell Pires, e prendeu o brasileiro depois de descobrir que havia dois mandados de prisão em seu nome. Até ontem as autoridades não explicaram as razões que respaldavam os mandados.

Segundo o porta-voz do Condado de Essex, Stephen O'Connell, inicialmente os policiais levaram Medeiros para uma cela improvisada numa espécie de abrigo militar em Andover.

Mais tarde na mesma noite, Maxsuel Medeiros caiu dentro cela, segundo O’Connel e a Polícia Estadual. A polícia chamou uma ambulância, que transportou o brasileiro para Lawrence General Hospital e depois para o Mass General Hospital, em Boston, onde ele foi pronunciado morte às 6 horas da manhã de segunda-feira, 10.

Esta é a segunda morte de um brasileiro dentro de uma prisão de Massachusetts em um período de cerca de um mês. No dia 7 de agosto, Edimar Alves Araújo, 34, de Milford, morreu pouco depois de ser parado pela polícia de Woonsocket (R.I.) por causa de um infração no trânsito. A polícia o entregou para autoridades federais. Já sob custódia da Imigração em Providence, Araújo passou mal e foi pronunciado morto no hospital.

A morte, que ainda está sendo investigada pelo médico examinador do estado, causou vasta reação da comunidade imigrante porque a irmã do brasileiro, Irene Araújo, disse que tentou avisar a polícia que Edmar dependia de medicação contra eplepsia para sobreviver. A polícia disse que Araújo estava bem quando foi entregue à Imigração.

Segundo a tia Meire Medeiros, Maxsuel entrou nos EUA pela fronteira com o México há 8 anos.
“Ele só veio para tentar buscar uma vida melhor”, disse ela.

Maxsuel, que vivia com outra tia, Maisa Hamel, mergulhou na cultura americana. Aprendeu inglês, gostava de ouvir hip-hop e adorava jogar vídeo-games no seu tempo de folga. Ele trabalhava full time numa empresa de construção e planejava assistir o jogo do Brasil contra o México, hoje no Gillete Stadium. Maxsuel era dono do Acura Legend vermelho, ano 1990, mas no momento que foi interceptado pela polícia o veículo era conduzido por um amigo.

Meire Medeiros, de 51 anos, disse que o seu outro sobrinho, Lucas, aguarda deportação após ter sido preso pela Imigração. Ela também disse que a família ficou sabendo apenas no sábado, 1 de setembro, que Maxsuel havia sofrido uma espécie de ataque no coração e que estava em coma. Segundo a família, funcionários do Massachusetts General Hospital teriam contactado a mãe de Maxsuel, Márcia Medeiros, no Brasil, para avisá-la que o rapaz teria sofrido morte cerebral. Com a permissão de Márcia os médicos teriam retirado o tubo que mantinha o brasileiro vivo. A família concordou em doar os órgãos do rapaz.

“Ele nunca teve nenhum problema de saúde. Que eu saiba não tomava nenhum remédio”, disse Meire Medeiros.

A autópsia deverá ser conduzida hoje (quarta-feira, 12). “Nós vamos revisar todas boletins de ocorrência, os documentos médicos e vamos examinhar os fatos que levaram a esta morte”, disse O’Connel.

No entanto, a polícia estadual se recusou a liberar documentos alegando que o caso está sob investigação. O tenente Barry O'Brien garante que a polícia ligou para 911 imediatamente após a queda de Medeiros na cela. “Assim que os policiais notaram que ele passava mal, a emergência foi contactada”, disse O’Brien.

"Obviamente, nós encaramos uma situação como esta com muita seriedade", completou ele.