Americano é preso no Brasil por ordem do STF em investigação sobre Ramagem

Celso Rodrigo de Mello, de 27 anos, foi detido pela Polícia Federal em Manaus; defesa nega envolvimento e afirma que caso tramita sob sigilo

Por Lara Barth

Celso Rodrigo de Mello, de 27 anos, com a esposa e filha

O cidadão americano Celso Rodrigo de Mello, de 27 anos, filho de brasileiros, foi preso pela Polícia Federal no sábado (13), em Manaus (AM), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão ocorreu no âmbito da investigação que apura a suposta fuga do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos.

O processo tramita sob sigilo judicial e, até o momento, de acordo com a família, não há sentença definitiva contra Mello. A detenção foi realizada com base em um mandado expedido no contexto das apurações conduzidas pelo STF.

Alexandre Ramagem foi visto em Miami, na Flórida, em novembro, pouco antes de o STF decretar a execução da pena de 16 anos, um mês e 15 dias de prisão por tentativa de golpe de Estado. Relator do caso, Alexandre de Moraes também expediu mandado de prisão preventiva contra o parlamentar, que segue foragido.

Segundo investigações da Polícia Federal, Ramagem teria deixado o país com apoio de terceiros, utilizando a fronteira de Roraima — estado onde construiu carreira como delegado da própria PF. O mandado cumprido contra Celso Rodrigo de Mello integra essa linha de investigação, considerada sigilosa pela Justiça.

Versão da família

Ao Gazeta, a família confirmou a prisão, mas negou qualquer ligação de Celso com a fuga do deputado. A defesa afirma que ele é inocente e que a decisão judicial está sendo contestada, com base no respeito ao devido processo legal e à presunção de inocência.

Segundo a esposa, Mariana Poerschke de Mello, Celso teria apenas dirigido até Miami para encontrar Ramagem com o objetivo de alugar um carro para ele a pedido de um parente. Ela afirma que o marido não mantinha vínculo político com o deputado, não participou de qualquer ato que facilitasse sua saída do Brasil e sequer o conhecia pessoalmente antes do encontro, que teria sido casual.

Casamento cancelado

O casal está junto há cinco anos e tem uma bebê de seis meses. Mariana afirma estar desesperada e sem informações claras sobre o motivo da prisão, relatando que o casamento, do casal marcado para a próxima segunda-feira (22), no The Palms Hotel, em Miami Beach, foi cancelado diante dos acontecimentos.

Ela também busca apoio das autoridades americanas, destacando que Celso é cidadão dos Estados Unidos, está impedido de retornar ao país e, segundo a defesa, não teve acesso pleno às acusações, já que o processo segue sob sigilo.

Histórico e investigação

Celso Rodrigo de Mello é empresário em Roraima e sócio da empresa Cataratas Poços Artesianos, administrada junto ao pai, o empresário Rodrigo Cataratas. Em novembro de 2022, de acordo com o G1, Celso chegou a ser preso suspeito de exploração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami, além de ser investigado por lavagem de dinheiro e crimes ambientais. Ele responde a pelo menos dois processos na Justiça Federal.

Em outubro de 2021, a Polícia Federal deflagrou a Operação Urihi Wapopë, que investigou um grupo suspeito de atuar em garimpo ilegal, com apreensão de aeronaves ligadas à empresa da família. A assessoria de Rodrigo Cataratas informou que a ordem de prisão do filho foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Situação de Ramagem

Alexandre Ramagem permanece foragido. Segundo apuração da TV Globo, ele deixou o Brasil em setembro, após viajar a Boa Vista (RR) e seguir de carro, de forma clandestina, rumo à fronteira, com possível saída pela Venezuela ou Guiana.

O STF afirma que Ramagem descumpriu determinações judiciais, incluindo a entrega do passaporte e a proibição de deixar o país. Em entrevistas recentes, o deputado negou ter recebido ajuda de terceiros.

Até o momento, o STF e a Polícia Federal não divulgaram detalhes públicos sobre as provas ou fundamentos específicos da prisão de Celso Rodrigo de Mello, mantendo o caso sob sigilo.