Trump "descartou" Bolsonaro por não suportar perdedores, diz ex-embaixador dos EUA

Para John Feeley, postura de Washington mudou mais por cálculo político de Trump do que por avanços do governo Lula

Por Lara Barth

Presidente Donald Trump em reunião na Casa Branca

O recuo dos Estados Unidos nas tarifas contra produtos brasileiros e nas sanções a autoridades do Judiciário tem menos a ver com vitórias diplomáticas do governo Lula e mais com a forma como Donald Trump passou a enxergar Jair Bolsonaro — como um “perdedor”.

A avaliação é do ex-embaixador norte-americano John Feeley, ex-integrante do Departamento de Estado e hoje diretor do Centro para a Integridade da Mídia das Américas. Em entrevista à BBC News Brasil, ele afirmou que, após a prisão do ex-presidente, Trump simplesmente o descartou: “Se há algo que Donald Trump não tolera são perdedores”.

Feeley descreve o republicano como imprevisível e “narcisista”, o que, segundo ele, torna negociações quase impossíveis — e diz que Lula “teve sorte” nos últimos meses.

Os EUA haviam imposto tarifas de 40% a produtos agrícolas brasileiros e incluído o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa na lista de sanções da Lei Magnitsky. Segundo Feeley, a medida foi influenciada por lobby de Eduardo Bolsonaro. Em novembro, porém, Trump suspendeu tarifas e retirou os nomes da lista.

O diplomata também comentou o “bloqueio total” dos EUA a navios sancionados que entrem ou saiam da Venezuela. Para ele, a medida atinge o governo de Nicolás Maduro com mais eficácia do que ações anteriores, embora possa gerar efeitos colaterais sobre a população — que, afirma, sofre principalmente com o “desastroso modelo econômico” do regime.

Fonte: G1