Brasil ultrapassa EUA em mortes diárias pela covid-19 e OMS faz novo alerta

Por Arlaine Castro

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, voltou a demonstrar preocupação com a grave situação da pandemia de Covid-19 no Brasil.

O Brasil ultrapassou os Estados Unidos em número de mortes registradas em 24h por causa da Covid-19 na terça-feira, 9. Nesta sexta-feira, 12, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, voltou a demonstrar preocupação com a grave situação da pandemia de Covid-19 no Brasil.

"A situação é muito preocupante, estamos muito preocupados. Não apenas pelo número de casos, mas pelo aumento no número de mortes", disse Tedros, ressaltando que as mortes diárias estão ultrapassando a marca de 2 mil óbitos.

O dirigente afirmou estar decepcionado com o desempenho brasileiro na gestão da pandemia, uma vez que o sistema de saúde nacional, o nosso Sistema Único de Saúde (SUS), é considerado modelo em todo o mundo.

De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, na terça-feira, 1.954 brasileiros morreram por Covid-19 em apenas um dia. Entre os americanos, foram 1.947 mortes, segundo dados do “Our World in Data”, da Universidade de Oxford.

Estados Unidos e Brasil são os dois países que mais registraram mortes por Covid no mundo desde o início da pandemia. Os EUA acumularam 527.699 mortes; o Brasil perdeu 268.568 vidas para a Covid-19 até a noite de terça. Só em março, já são 13.550 mortes registradas em solo brasileiro.

Enquanto os americanos estão em um processo de vacinação em massa, entretanto, os brasileiros passam pelo pior momento da pandemia e com apenas 4,1% da população tendo recebido ao menos uma dose de vacina. Nos Estados Unidos, foram administradas 90,2 milhões de doses segundo o Our World in Data.
"Eu esperava que o Brasil pudesse ter um melhor desempenho em epidemias por causa do seu forte sistema de vigilância em saúde", afirmou o diretor-geral da OMS.

Tedros destacou que a população deve receber "mensagem claras das autoridades de saúde" sobre a situação do país para saber como agir.

"Começando pelo governo, todos os interlocutores devem agir de forma séria", disse. Se isso não ocorrer, o diretor-geral da OMS afirmou que as mortes deverão aumentar.

O diretor de emergências, Michael Ryan, destacou que, desde o último alerta da OMS ao Brasil, feito no dia 5, os casos e as mortes por Covid-19 subiram ainda mais.

"A situação no Brasil piorou, com alta incidência de casos e aumento de mortes em todo o país", disse Ryan.

"O sistema de saúde está com uma grande pressão no momento. Muitos países da América Latina estão caminhando na direção certa, mas não é o caso do Brasil", disse o diretor de emergências.

Ryan demonstrou principal preocupação com a variante P.1 – identificada pela primeira vez em Manaus e que já se espalhou para vários estados brasileiros e ao menos outros 24 países. Ele destacou que a variante se tornou dominante no Brasil e tem piorado a situação.

"Há uma grande preocupação com a letalidade e transmissão do vírus [da variante]", alertou o diretor.

"O que acontece no Brasil tem consequências mundiais", concluiu.

A diretora técnica da OMS, Maria van Kerkhov, reforçou que é muito importante que haja uma rede de sequenciamento de genomas intensa no Brasil e na América do Sul e lembrou que, até o momento, as medidas mais eficazes para conter a variante P.1 têm sido as medidas coletivas e individuais de saúde.

"O que sabemos da variante P.1 é que máscaras, lavagem das mãos, medidas de controle e prevenção contra o coronavírus funcionam", lembrou a diretora, afirmando que, os países que adotaram as medidas de maneira séria conseguiram conter os casos.

“O Brasil é vizinho de praticamente a América Latina inteira. Pode continuar impactando toda a região, e muito mais. Não diz respeito só ao Brasil", afirmou.