Brasil relembra golpe de 1964 em semana de crise nas Forças Armadas

Por Arlaine Castro

O dia 31 de março marca o início do golpe de 1964, quando tropas de militares contrários ao governo do então presidente João Goulart (PTB), lideradas pelo general Olímpio Mourão Filho, iniciaram a movimentação pela derrubada do governo.

O Brasil lembrou nesta quarta-feira, 31, os 57 anos do golpe de 1964, que deu início à ditadura militar, em meio a um cenário de instabilidade nas Forças Armadas.

Os últimos dias tiveram uma troca no Ministério da Defesa por decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a renúncia coletiva dos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, em solidariedade ao então ministro Fernando Azevedo e Silva, exonerado do cargo.

O dia 31 de março marca o início do golpe de 1964, quando tropas de militares contrários ao governo do então presidente João Goulart (PTB), lideradas pelo general Olímpio Mourão Filho, iniciaram a movimentação pela derrubada do governo.

A pressão dos militares resultou na deposição de Goulart, na madrugada de 2 de abril, e no início do regime militar, que perdurou por 21 anos. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, criada para apurar os crimes do Estado nesse período, apontou que 434 pessoas teriam sido mortas ou desapareceram durante a ditadura. Os anos de chumbo também têm registros de tortura, perseguição política e censura a setores como imprensa e cultura.

Lideranças se manifestaram sobre a data que lembra o início do golpe militar. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, publicou uma mensagem no Twitter em que lembra situações ocorridas no regime militar, como tortura, perseguição a professores, censura a músicas, novelas e regras eleitorais.

"PARA AS NOVAS GERAÇÕES: Só pode sustentar que não houve ditadura no Brasil quem nunca viu um adversário do regime que tenha sido torturado, um professor que tenha sido cassado ou um jornalista censurado. Tortura, cassações e censura são coisas de ditaduras, não de democracias", escreveu Barroso.
Nos últimos anos, o país voltou a assistir movimentos que pedem uma nova intervenção militar, que a despeito de uma constitucionalidade alegada pelos seus defensores, já foi apontado como inconstitucional em um parecer da OAB Nacional.

Justo nesta semana, o Brasil atravessa nova instabilidade relacionada às Forças Armadas. Na segunda-feira (29), durante uma reforma ministerial, o presidente Bolsonaro demitiu o então ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, e transferiu para o lugar o também general Braga Netto, que comandava a Casa Civil.

O movimento do presidente provocou um pedido de renúncia coletiva dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, por discordarem da troca feita pelo presidente. Nos bastidores, a saída de Azevedo e Silva é atribuída a fatores como uma rejeição do ex-titular a uma pressão por apoio ao governo Bolsonaro nas Forças Armadas, e também por cobranças de combate a medidas de restrição adotadas por causa da pandemia do novo coronavírus.

"Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época." Assim começa a mensagem alusiva ao 31 de março de 1964 assinada pelo novo ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, que assumiu o posto. Com informações do portal NSC e BBC.