Avião com 106 brasileiros deportados do EUA pousa hoje em BH

Por Arlaine Castro

A nova diretriz entrou em vigor na terça-feira, 23.

Chega na tarde desta sexta-feira, 21, no Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, o voo fretado pelo governo dos Estados Unidos para levar de volta ao Brasil 106 brasileiros deportados que tentaram a travessia de forma ilegal e estavam detidos na fronteira. 

É o primeiro voo que deporta brasileiros desde que Joe Biden assumiu a presidência dos EUA.

A política de deportação dos EUA foi intensificada em 2019 pelo então presidente Donald Trump que, desde então, endureceu a legislação contra imigrantes ilegais. Segundo o Itamaraty, “o processo de deportação ocorre integralmente sob as leis e a jurisdição soberana dos Estados Unidos”.

A deportação ocorre quatro meses após o presidente dos EUA, Joe Biden, assumir como chefe de governo e enviar, ao Congresso, uma proposta de reforma das leis de imigração que, se aprovada, permitirá ao governo, futuramente, implementar ações que permitam a regularização da condição de milhões de imigrantes que vivem sem documentos no país.

Maior fluxo

O fluxo dos que chegam ilegalmente pela fronteira com México aumentou. Autoridades que acompanham o tema e organizações de apoio aos imigrantes têm relatado o crescimento do contingente de brasileiros nessa situação.

O número, segundo estimativas feitas por pessoas que lidam com a questão no dia a dia, é equivalente ou até superior ao patamar registrado em 2019, quando a imigração ilegal por brasileiros bateu recordes.

O total de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente começou a crescer em 2015, mas ainda se mantinha em patamares baixos. O grande pico nas apreensões pela Patrulha de Fronteira dos EUA aconteceu em 2019, quando chegou a 18 mil casos – no ano anterior, haviam sido 1,6 mil.

No ano passado, as travessias caíram em razão dos bloqueios de viagem durante a pandemia e à política estabelecida pelo governo Trump. Para diplomatas, há um fluxo reprimido de imigrantes que agora fazem a travessia a pé.

No ano passado, Trump incluiu os brasileiros no protocolo conhecido como “Fique no México”, que remetia ao país vizinho automaticamente aqueles estrangeiros sem documentos apreendidos pelo serviço de fronteira, para que esperassem fora do país pela análise dos pedidos de asilo. Antes, os brasileiros aguardavam em solo americano pela decisão dos tribunais de imigração.

Segundo organizações que acompanham o tema e fontes do governo brasileiro, ao menos 30 menores de idade cruzaram a fronteira americana sozinhos ou acompanhados de adultos que não são seus responsáveis legais – e estão sob custódia americana. Há brasileiros menores de idade em abrigos no Texas, na Califórnia e em Illinois.

Em 2018, auge da crise diplomática provocada pela separação de famílias, 49 crianças brasileiras ficaram em abrigos. Além de menores, há atualmente adultos e famílias inteiras chegando aos EUA pelo México. Só em dois abrigos para famílias em El Paso, no Texas, há cerca de 300 brasileiros atualmente. Com informações da AP e Agência Brasil.