Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal interrogou nesta terça-feira, 7, o empresário Jason James Miller, ex-assessor do ex-presidente Donald Trump.
O depoimento foi colhido nas dependências da PF no aeroporto de Brasília, antes do embarque do empresário para os Estados Unidos. Outro americano, Gerald Almeida Brant, também foi interrogado pelos policiais.
A ordem de Alexandre de Moraes para que Miller fosse ouvido é parte do inquérito que apura manifestações antidemocráticas feitas por seguidores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. O ex-assessor de Trump veio ao Brasil para participar da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), que ocorreu no último fim de semana. Ele também se encontrou com Bolsonaro.
Nada a dizer
Em nota, os advogados dos dois americanos, Milena Ramos Câmara e João Vinícius Manssur, informaram que, até o momento, não tiveram acesso integral aos autos dos inquéritos. Por isso, Miller e Brant permaneceram em silêncio durante os depoimentos. "A defesa encontra-se à disposição das autoridades pertinentes para apresentação de esclarecimentos complementares", diz a nota.
Jason Miller é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.
Depois de ter a viagem atrasada em virtude do depoimento, ele se manifestou na internet.
"Nossa partida foi questionada por três horas no aeroporto de Brasília. Depois de ter passado o final de semana na CPAC Brasil, nós não fomos acusados por nenhuma transgressão. Falaram somente que eles 'queriam conversar'. Informamos que não tínhamos nada a dizer. Fomos liberados para voar de volta para os EUA. Nosso objetivo de compartilhar o discurso livre pelo mundo continua!", publicou.
Na aeronave, também viaja Matthew Tyrmand, um dos diretores do Veritas, projeto que se propõe a filmar jornalistas com câmeras escondidas na tentativa de expô-los.
Ambos estiveram no País nos últimos dias e participaram da CPAC Brasil, congresso da direita conservadora organizado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Também foram recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos filhos dele no Palácio da Alvorada.
No Twitter, Tyrmand falou sobre o episódio na pista do aeroporto de Brasília.
"Sendo detido no aeroporto de Brasília. Sentado na pista enquanto Jason Miller está sendo interrogado por antibolsonaristas da Suprema Corte", escreveu.
COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS DE JASON MILLER E GERALD BRANT
"Jason James Miller e Gerald Almeida Brant, por intermédio dos advogados Milena Ramos Câmara e João Vinícius Manssur, informam que, por ordem do Ministro Alexandre de Moraes, proferida no âmbito dos inquéritos 4781 e 4874, foi determinada a oitiva dos assistidos, nas dependências da Polícia Federal do Aeroporto Internacional de Brasília, por ocasião de seu embarque, na data de hoje (07/09/2021), rumo aos Estados Unidos.
Os assistidos, por sua vez, até o momento, não tiveram acesso integral aos autos dos aludidos inquéritos, motivo pelo qual valeram-se do direito constitucional ao silêncio, remanescendo apenas necessidade de providência de cunho eminentemente administrativo, consistente na eventual indicação de representante legal da plataforma digital GETTR no Brasil.
A defesa, por fim, encontra-se à disposição das autoridades pertinentes para apresentação de esclarecimentos complementares." Com informações do Estadão.
Our delegation led by @JasonMillerinDC, CEO of @GETTRofficial (the free speech platform- more in need of today than ever before), is safe and in our plane taxiing back to the USA. We live to fight another day. Thank God. And thank you all for the well wishes.
— Matthew Tyrmand (@MatthewTyrmand) September 7, 2021