No Rio, campanha de adoção lembra responsabilidade social com crianças

Por Agência Brasil

No Rio, campanha de adoção lembra responsabilidade social com crianças

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” para as crianças e os adolescentes.

Este é o enunciado do Artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), norma legal que determina ainda que se assegurem a eles “todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.

Para lembrar dessa responsabilidade compartilhada e incentivar a adoção neste momento do ano em que são celebradas a confraternização, o amor e a renovação, foi lançada hoje (23) a campanha Braços Abertos para Adoção, uma iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).

A solenidade de lançamento, da qual participaram 40 crianças e adolescentes acolhidos em abrigos da cidade, que estão disponíveis para adoção, foi transferida do monumento ao Cristo Redentor para a Igreja de São José, na Lagoa, por causa da chuva. A cerimônia teve música e distribuição de presentes pelo Papai Noel. O passeio ao Cristo será remarcado.

Segundo o presidente do TJRJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, a campanha de adoção é permanente, mas o tribunal aproveitou a época do Natal para chamar a atenção para o tema. “É uma campanha que não pode parar. A adoção é um caminho fundamental para a sociedade acolher as suas crianças. As crianças não podem ficar isoladas, abandonadas, elas precisam, como toda pessoa, de amor, carinho, acolhimento.”

O objetivo da campanha é alertar todo mundo que é preciso cuidar das crianças, disse o desembargador, que reitera a importância da proteção integral às crianças e adolescentes para fazer uma sociedade melhor.

“As crianças são uma preocupação constante do tribunal e devem ser uma preocupação constante de toda a sociedade, porque, ajudando essas crianças, nós formaremos uma sociedade melhor, com menos violência e com mais amor”, acrescentou.

Adoção

Segundo dados do TJRJ, o estado do Rio tem atualmente 283 crianças disponíveis para adoção, sendo que 89% são declaradas pardas ou pretas, 57,6% são do sexo masculino e mais da metade tem mais de 12 anos de idade.

A assessora técnica Vânia Paixão, da 4° Vara da Infância e da Juventude, juízo que atende bairros da zona oeste da cidade, nas áreas de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio de Janeiro, explica que os abrigos acolhem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, como vítimas de maus-tratos, lesão corporal, abuso sexual e com pais dependentes químicos.

Porém, a adoção é a última opção para a reintegração dos jovens à comunidade. “Primeiro eles passam por um processo. Tem um estudo psicológico, estudo social. Uma tentativa de reintegração com a família é a primeira coisa que se faz, tenta se dar suporte para essa família.”

De acordo com Vânia, como a adoção de adolescente é mais rara, a Justiça tem oferecido alternativas como o apadrinhamento afetivo, no qual o adolescente começa a conviver com uma família, e o apadrinhamento de cursos, para formar os jovens para o mercado de trabalho, já que, ao completar 18 anos, eles não podem mais permanecer nos abrigos.