Sala escura. De repente, a telona ilumina-se. O projetor joga a luz em preto e branco e sonhos. Nas poltronas, o público aguardava ansioso. Mais ansioso ainda, de forma anônima e escondido entre as fileiras da sala, uma pessoa esperava e anotava as reações. Uma por uma. Só relaxava mesmo quando ouvia o som preferido… o sorriso. Mais do que isso: gargalhadas, e que faziam o público pensar. “A proposta dele era fazer as pessoas rirem. Era pra isso que ele fazia cinema. Ele ia nos próprios filmes dele sem que ninguém soubesse para saber quais elementos despertavam o riso na plateia. Aí ele repetia em outros filmes”, afirma a historiadora Soleni Fressato, que é professora da Universidade Federal da Bahia. Ela escreveu o livro “Caipira sim, trouxa não”, sobre a obra de Mazzaropi, a partir da sua
O "Jeca" que ninguém consegue passar para trás atrai a atenção de pesquisadores da arte brasileira, e também continua encantando o público. A TV Brasil, daEBC
, mantém em sua grade semanal os filmes do cineasta, no Cine Mazzaropi, atualmente com exibições às quartas e sábados ( */ /*-->*/A pesquisadora contextualiza que houve preconceito com a obra dele, mas a partir da sua morte (em 1981, e que deixou o filme Maria Tomba Homem sem terminar), os trabalhos passaram a ser revisitados com outros olhares..
Período de ouro
Ele fez sucesso de bilheteria, que não é pouco, mesmo para os padrões de hoje. Nos anos 1970, por exemplo, com cinco filmes, ele teve um público de mais de 13 milhões de pessoas. "O que torna o feito ainda mais impressionante é que ele, quando lançava um filme, tinha no máximo dois rolos: o original e a cópia. A película era muito cara. Ele não tinha a possibilidade de fazer cópia de distribuição que hoje tem uma grande produtora no Brasil. E mesmo assim ele conseguia atingir um público muito grande”, detalha Soleni Fressato.
Nos anos 1950, quando Mazzaropi começou a produzir cinema, há um maior investimento nessa arte, com equipamentos mais sofisticados, contratação de atores, uma experiência de indústria. A televisão chegava ao Brasil também, e a rádio continuava sendo o meio mais popular. “Ele chamava cantores que faziam sucesso no rádio para cantar nos filmes dele. Assim as pessoas conheciam visualmente aqueles artistas”, explica a historiadora.