Uma nova lei cambial aprovada e sancionada em 2021, entrou em vigor no dia 31 de dezembro de 2022 no Brasil, após ser regulamentada pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com o Banco Central, a nova lei se baseia na livre movimentação de capitais e na realização das operações no mercado de câmbio, com menos burocracia.
O que muda
•Compra e venda de moeda estrangeira
Antes era proibido. Agora pode haver compra e venda de moeda estrangeira entre pessoas físicas, mas com limite de até US$ 500.
O objetivo é atender necessidades muito eventuais.
A atividade dos chamados "doleiros", que fazem isso de forma recorrente, continua proibida.
•Valor a ser declarado
Antes, se o viajante entrasse ou saísse do Brasil com mais de R$ 10 mil em espécie, tinha que apresentar uma declaração. Agora, o valor passou para US$ 10 mil.
O novo limite, em dólares, está em linha com o que acontece em outras economias, segundo o BC.
•Transferências em reais
Serão autorizadas transferências em reais para fora do Brasil por meio de contas em reais no exterior.
O objetivo do BC é permitir o uso internacional do real em condições similares a outras moedas.
•Exportações
Exportadores poderão realizar pagamentos no Brasil em moeda estrangeira em algumas situações.
A nova lei passou a permitir que isso aconteça nos contratos de
exportadores em que a outra parte seja do setor de infraestrutura.
No futuro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) poderá estabelecer outras situações para o uso da moeda estrangeira, desde que para reduzir o risco cambial (repentina oscilação no valor da moeda) ou ampliar a eficiência do negócio.
•Financiamento de exportações
Bancos brasileiros poderão financiar no exterior a compra de exportações brasileiras.
A mudança deverá contribuir para maior inserção e competitividade de produtos e serviços brasileiros no exterior, diz o BC.
Remessas para pagamento de importações financiadas poderão ser realizadas mesmo sem o ingresso dos bens no Brasil.
•Entrada de investidores estrangeiros
A lei traz dispositivos para reduzir a burocracia para investidores estrangeiros aplicarem em ações ou renda fixa no Brasil.
Contas em dólar no Brasil
O ponto mais polêmico da proposta é o que transfere do Conselho Monetário Nacional (CMN) para o Banco Central a competência para autorizar novos setores da economia a manterem contas em moeda estrangeira no país.
Atualmente, as contas em dólares estão disponíveis somente para segmentos específicos, como agentes autorizados a operar em câmbio, emissores de cartões de crédito de uso internacional, sociedades seguradoras e prestadores de serviços turísticos.
PIX internacional
A nova lei cambial também abre caminho para a implementação, no futuro, do chamado PIX internacional, ou seja, a possibilidade de transferência de recursos ao exterior em tempo real por meio da ferramenta desenvolvida pela instituição. A nova funcionalidade está em estudo pelo Banco Central.
Segundo a instituição, a nova legislação sobre o câmbio, com maior liberalidade, também favorece a implantação do real digital. A expectativa do BC é de que a moeda virtual esteja disponível em até três anos.
O real digital terá foco em novas tecnologias, como a chamada "internet das coisas" – evolução tecnológica que conectará mais objetos à internet – e os contratos inteligentes (que garantem a segurança da execução do acordo, usando, para isso, a tecnologia blockchain).